quarta-feira, 6 de julho de 2011

NÃO SOU ELEITOR-AVESTRUZ

Eu voto. E vou continuar votando. Não porque sou apaixonado por política partidária. Nem porque tenha compromissos com candidatos. Ou porque encontrei os candidatos éticos, honestos, sérios e maravilhosos.

No entanto, anular o voto é me acovardar, é me anular como eleitor consciente. Voto no menos pior e andarei de cabeça erguida para cobrar meu voto e exigir que governe o melhor possível pelos ideais que acredito.

Que respaldo terei para cobrar algo dos políticos se não votei em nenhum deles? Que porcaria de cidadão sou eu que me acovardei nas urnas? Escolho e voto. Mas também tenho o direito de cobrar e o candidato eleitor o dever de me ouvir.

Deixar de votar, para mim, está equiparado a vender o voto. Quem vende o voto não tem o mínimo respaldo de cobrar trabalho do político que comprou. Quem comprou e pagou não se sente obrigado a respeitar qualquer cobrança de quem vendeu.

O problema é que não costumamos a cobrar dos candidatos que elegemos. Melhor: não sentimos qualquer obrigação de exigir a prestação de contas daqueles em quem votamos por termos acreditado nas propostas por eles apresentadas. Acreditamos que nossa obrigação termina no barulhinho final da urna eletrônica. Não podemos adotar a mentalidade de avestruz, de enfiar a cabeça no buraco para fugir dos problemas. Quando deixamos de votar, estamos abrindo a mão de ser um crítico, um fiscal e um cidadão ou cidadã com direito de exigir mudanças.

Não votar é pôr o rabinho entre as pernas, é aceitar de bico calado a imposição dos políticos e adotar a mentalidade incoerente de que política não presta. Votar é encarar, é mostrar que tem o direito de cobrar e criticar. No dia em que eu deixar de votar ou anular meu voto, eu tenho que abandonar este espaço e parar de criticar os políticos. Porque perderei a razão e o direito de criticar os que governam, pois, afinal, não votei.

Muitos se envergonham de dizer que votaram no Collor de Melo, por exemplo. Eu votei e me enganei. Mas pude rever a besteira e mudar meu voto. Voto é isto, é errar mas com poder de consertar no futuro. Voto é um instrumento valioso do qual não podemos abrir mão.

Eu me envergonharia de um dia dizer: "Eu não votei"; ou "Eu anulei meu voto". A democracia neste País é nova, ainda estamos aprendendo a lidar com ela e com seus percalços. Ainda nos lambuzamos com ela, mas o que interessa é que estamos aprendendo a caminhar.

E o voto é uma arma da democracia que ainda não aprendemos a usar. E não será um amontoado de corruptos que irá me acovardar de continuar tentando acertar. Eu não sou covarde. Eu creio em mim e em muita gente honesta que existe nesse País afora. Eu continuarei sendo um eleitor consciente. Eu vou votar sem medo e sem vergonha.

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