sexta-feira, 30 de junho de 2017

Inteligência artificial pôs à prova psicografia de Chico Xavier

Redes neurais artificiais analisaram obras do médium, morto há exatos 15 anos. E concluíram: fé à parte, Chico era um fenômeno mesmo.

Francisco Cândido Xavier morreu há 15 anos, deixando para trás mais de 412 livros escritos. Mas ele sempre rejeitou a autoria de todos: a obra seria inteira psicografada, ditada diretamente de espíritos que falavam ao médium.
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Com o aniversário de falecimento do líder espírita, uma empresa brasileira resolveu investigar a obra de Chico usando inteligência artificial. Ao longo da vida, ele psicografou livros de vários autores diferentes. A ideia era usar todo o poder de computação para responder duas perguntas: esse autores têm cada um seu estilo próprio? Eles são suficientemente diferentes entre si?
A Stilingue, uma empresa que trabalha com análise de textos via inteligência artificial para “resumir a internet”, encontrando tendências nas redes sociais, resolveu testar como as obras psicografadas seriam analisadas por uma técnica de aprendizado de máquinas chamada Deep Learning.
A partir de grandes quantidades de dados, o computador aprende a criar relações entre eles, sem precisar aprender, por exemplo, o que é um verbo, um adjetivo, um substantivo. Se fosse reconstruir a Bíblia, o computador logo ia aprender que precisa colocar um número antes de cada frase, porque o livro é estruturado em versículos.
A mesma técnica também já foi usada para recriar Shakespeare. Depois de ler milhões de caracteres do dramaturgo, o computador era capaz de escrever sozinho “imitando” o estilo do inglês, sem nunca ter passado por uma aula de literatura. Nem sempre as frases fazem total sentido, mas os tempos verbais e a mania de criar palavras novas mudando o final delas ficam reproduzidos, igualzinho.
No caso de Chico Xavier, o estudo da Stilingue selecionou três dos principais autores psicografados pelo médium: Emmanuel, André Luiz e Humberto de Campos.
Para “alimentar” a rede neural artificial, eles selecionaram três livros de cada autor – que precisam ser enormes, porque a técnica deep learning exige, no mínimo, um milhão de caracteres por autor conseguir aprender com sucesso. “No caso de Humberto de Campos, sentimos um pouco de falta de mais material. Ele é um autor mais desafiador porque escrevia diferentes tipos de texto [contos, anedotas e poesias]”, explica Milton Stiilpen Jr., fundador da Stilingue.
Devidamente treinado, o computador começou a reproduzir os textos. André Luiz, por exemplo, tinha o hábito de colocar falas espaçadas entre blocos de texto maiores, ao invés de criar longos blocos de diálogos.

André Luiz: entidade espírita vs. bot

Este primeiro texto foi psicografado por Chico Xavier
Os encarnados presentes viam tão-somente o corpo de Otávia, dominado pelo sacerdote que lhes era invisível, quase a rebentar-se de soluços atrozes, mas nós víıamos além. A nobre senhora desencarnada postou-se ao lado do filho e começou a beijá-lo, em lágrimas de reconhecimento e amor. Pranto copioso identificava-os. Cobrando forças novas, a genitora continuou:
– Perdoe-me, filho querido, se noutra época induzi o seu coração à responsabilidade eclesiástica, modificando o curso de suas tendências. Suas lutas de agora me atingem a alma angustiada. Seja forte, Marinho, e ajude-me! Desvencilhe-se dos maus companheiros! Não vale rebelar-se. Nunca fugiremos à lei do Eterno! Onde você estiver, a voz divina se fará ouvir no imo da consciência…
Nesse momento, observei que o sacerdote recordou instintivamente os amigos, tocado de profundo receio. Agora que reencontrava a mãezinha carinhosa e devotada a Deus, que sentia a vibração confortadora do ambiente de fraternidade e féé, sentia medo de regressar ao convívio dos colegas endurecidos no mal.
Já este foi criação da inteligência artificial
A primeira vez mais providencial de serviço de sua consciência, a senhora Laura encontrava-se com a presença de alguns, com a sua consciência espiritual e a medicina de amor, acrescentou:
– O controlador de serviço está disposto a escapar com as mesmas expressões de alegria.
A primeira vez mais forte de algum tempo, a senhora de Alexandre prosseguiu a companheira de serviço e considerando a alegria da conversação despediu-se:
– Neste momento, a maioria dos companheiros encarnados estão através de construções destruidoras e desencarnadas. A consciência tem sempre a construção do coração.

Depois de criar três bots capazes de imitar os autores com uma precisão considerável (erro de 22% para André Luiz, 5% para Emmanuel e 32% para o Humberto de Campos), dá para dizer que cada autor tem um estilo razoavelmente marcante e uniforme.
Agora, dá para dizer que eles são diferentes entre si? Ou será que o estilo delata que teriam sido escritos por uma só pessoa? Para fazer o teste, eles decidiram confundir a máquina. Misturaram os textos de diferentes autores. Mandaram o bot do Emmanuel escrever com base na obra do Humberto, o do Humberto imitar o André e assim por diante. Deu errado: a taxa de erro disparou. Os modelos eram incapazes de encontrar os mesmos padrões de estilo de uma entidade espírita nos livros da outra. Os autores são, sim, marcadamente diferentes.
A questão que resta é: há outras formas de explicar o resultado?
Misturar textos de diferentes temas e épocas de um mesmo autor já é suficiente para aumentar a taxa de erro. Mas não tanto assim. “Fizemos um teste com o Paulo Coelho justamente para testar um único autor com diferentes livros e muitos textos. A taxa de erro aumenta – mas mesmo assim continua baixa”, explica Milton. O teste com Paulo Coelho retornou uma taxa de apenas 10%.
Outra possibilidade cética seria a criação consciente e deliberada de Chico Xavier de diferentes personas, uma para cada autor – coisa parecida com o que o escritor Fernando Pessoa fez, com seis heterônimos marcadamente diferentes.
Milton também tinha uma resposta para isso: eles fizeram o teste de deep learning também com Fernando Pessoa. “Faltou quantidade de dados suficiente para atender essa técnica”, responde Stiilpen. A Stilingue não conseguiu acesso fácil e digitalizado à quantidade necessária de material de cada heterônimo de Pessoa. Relembrando, o mínimo necessário para a análise usando deep learning é de 1 milhão de caracteres o que significa, nesse caso, 6 milhões para uma análise de todos os “autores” em questão. E isso só para aquecer.
Graças a esses resultados, a análise textual deve virar um projeto de pesquisa oficial que vai, inclusive, selecionar outras técnicas mais adequadas a autores como Fernando Pessoa e Nelson Rodrigues. Mas, de tudo isso, qual foi o veredito do estudo sobre Chico Xavier?
A psicografia segue como uma questão de fé. Mas se o estudo atesta algo, é a genialidade do médium. Escrever o volume de texto que ele escreveu, com personas comprovadamente distintas, mas uniformes entre si, não precisa nem ser sobrenatural para ser absolutamente impressionante. Ou, como colocou Monteiro Lobato, “Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele merece ocupar quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras.”
Chico Xavier – A vida. A obra. As polêmicas.
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As 15 universidades brasileiras mais respeitadas no mundo

Ranking global da consultoria QS coloca a USP no top 150 do planeta. Confira a lista com as brasileiras mais bem avaliadas

Como tem sido ao longo dos anos o ranking de universidades publicado pela consultoria QS coloca a Universidade de São Paulo (USP) em primeiro lugar entre as brasileiras ranqueadas.
A melhor colocação de uma instituição brasileira, na 121ª posição, fica, no entanto, distante do top 10 da lista, que traz o prestigiado MIT em primeiro lugar.
O ranking publicado anualmente leva em conta a reputação acadêmica (40% da nota), o prestígio entre os recrutadores (10% da nota), a proporção de professores por aluno (20% da nota), número de citações de pesquisas (20% da nota) e a internacionalização (5% da nota).
Confira quais, além da USP, são as 14 melhores instituições de ensino, de acordo com a lista de 2018 da QS (a lista completa com todas as universidades está no site da consultoria).

1. Universidade de São Paulo (USP)

(USP/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 121
Posição no ranking 2017: 120
Posição no ranking 2016: 143

2. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

(Wikimedia Commons/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 182
Posição no ranking 2017: 191
Posição no ranking 2016: 195

3. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

(Wikimedia Commons/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 311
Posição no ranking 2017: 321
Posição no ranking 2016: 323

4. Universidade Estadual Paulista (Unesp)

(Wikimedia Commons/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 491-500
Posição no ranking 2017: 501-500
Posição no ranking 2016: 481-490

5. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)

(PUCSP/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 501-550
Posição no ranking 2017: 501-500
Posição no ranking 2016: 501-500

6. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ)

(PUC-RJ/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 501-550
Posição no ranking 2017: 501-550
Posição no ranking 2016: 501-550

7. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

(Unifesp/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 501-550
Posição no ranking 2017: 501-550
Posição no ranking 2016: 491-500

8. Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS)

(Wikimedia Commons/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 501-550
Posição no ranking 2017: 461-470
Posição no ranking 2016: 451-460

9. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

(UFMG/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 551-600
Posição no ranking 2017: 551-600
Posição no ranking 2016: 551-600

10. Universidade de Brasília (UnB)

(Wikimedia Commons/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 651-700
Posição no ranking 2017: 601-650
Posição no ranking 2016: 491-500

11. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

(UFSCAR/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 651-700
Posição no ranking 2017: 651-700
Posição no ranking 2016: 651-700

12. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

(Wikimedia Commons/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 751-800
Posição no ranking 2017: 701-750
Posição no ranking 2016: 701-750

13. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

(PUCRS/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 801-1000
Posição no ranking 2017: 701-750
Posição no ranking 2016: 701-750

14. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

(UERJ/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 801-1000
Posição no ranking 2017: 701-750
Posição no ranking 2016: 651-700

15. Universidade Estadual de Londrina (UEL)

(UEL/Divulgação)
Posição no ranking 2018: 801-1000
Posição no ranking 2017: 701-750
Posição no ranking 2016: 701-750

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Secretaria de Saúde emite alerta para notificação imediata em caso de peste bubônica no Ceará

42 municípios estão inseridos na vigilância da doença causada pela mesma bactéria da peste negra - que dizimou milhares de pessoas na Idade Média. Mas, não há notificação no CE desde 2005, e risco de epidemia é praticamente nulo.

Alerta para notificação imediata de peste bubônica foi emitido nessa segunda-feira, 12, pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). O último caso da doença no Estado foi confirmado em 2005, por exame sorológico, no município de Pedra Branca. A nota técnica da secretaria orienta vigilância em 42 cidades cearenses.
A peste bubônica é transmitida pela bactéria Yersinia Pestis, a mesma da peste negra, doença que matou milhares de pessoas na Europa durante a Idade Média. Essa bactéria tem como vetores pulgas de dezenas de espécies. Os principais hospedeiros são os roedores, como camundongos, ratos, capivaras e até porquinhos-da-índia.
Humanos não são os hospedeiros naturais, mas contraem a doença sendo mordidos pelas pulgas infestadas nesses animais ou inalação de ar contaminado, no caso de pneumonia grave. O contato com os roedores ocorre, segundo a secretaria, quando o homem invade os ecossistemas desses hospedeiros infectados em atividades de caça, agricultura, comércio ou lazer.
Animais domésticos, tais como cães e gatos domésticos, também estão associados a algumas das principais espécies de pulgas da peste. " Fortaleza teve uma epidemia de peste no século XIX e primeiro metade do século 20. Nos dias de hoje, é muito improvável que ocorra epidemia porque as condições de vida mudaram", explica o médico infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto da Justa.
Ainda que a doença possa ocorrer em todo o território, inclusive urbano, o risco de epidemia é quase nulo devido às melhores condições de higiene. "Apesar de ainda termos muitos defeitos em termos de saneamento, a situação sanitária melhorou (em relação ao período de infestação). Era uma doença bem grave e dizimava muitas pessoas, mas contamos agora com antibióticos que há 100 anos não existiam", frisa.
No Estado, as áreas com focos de peste e, portanto, de importância para a vigilância, estão localizadas nas Serras de Baturité, Serra do Macaco, Uruburetama, Pedra Branca, Ibiapaba, Matas e Chapada do Araripe, conforme a nota técnica.
A nota da Sesa destaca que "a persistência desses focos deve ser considerada uma ameaça real e permanente de acometimento humano nessas regiões, que pode estender-se para outros lugares, inclusive centros urbanos, tornando-se imperativo que os técnicos de saúde estejam preparados para lidar com o problema".
Casos no CE
Na década de 1980, foram notificados 76 casos de peste bubônica no Ceará e na Paraíba, com a ocorrência de três mortes. Entre 1994 e 1997, foram confirmados laboratorialmente no Ceará três casos da doença - dois em Guaraciaba do Norte e um em Ipu.
De acordo com Roberto, o alerta não é motivo para pânico, mas é importante para prevenir qualquer forma da peste. A recomendação é, em ambientes mais rurais, proteger as pernas para evitar transmissão por roedores que possam estar contaminados.
Os sintomas da peste bubônica relatados na nota técnica da Sesa são mal-estar, abatimento, dor de cabeça, dores no corpo, vômitos, pulso acelerado, arrepios de frio, febre alta, bubões. Já a peste pneumônica pode acarretar arrepios de frio, dor de cabeça intensa, delírio ou prostração absoluta, respiração ofegante, tosse frequente, escarro abundante (a princípio claro, depois sanguinolento), e pulso acelerado.
A Sesa define como caso suspeito o paciente sintomático ganglionar (manifestação da bubões ou adenite dolorosa) ou respiratório (manifestação de tosse, dispneia, dor no peito, escarro muco-sanguinolento) com febre e/ou mais dos sintomas: calafrios, cefaleia, dores no corpo, fraqueza, anorexia, hipotensão e/ou pulso rápido/irregular oriundo de zonas ativas de ocorrência da peste (1 a 10 dias).
AMANDA ARAÚJO