segunda-feira, 1 de abril de 2013

DENGUE: QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO


Drauzio Varella
A identificação precoce dos casos de dengue é de importância crucial para o controle das epidemias. O vírus da dengue causa um espectro variado de doenças que inclui desde formas inaparentes ou subclínicas, até quadros de hemorragia que podem levar ao choque e ao óbito.
A apresentação clínica da dengue pode ser dividida em três grupos principais:
1) Dengue clássica
a) Nos adultos
A primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39° a 40°), de início abrupto, associada à dor de cabeça, prostração, dores musculares, nas juntas, atrás dos olhos e exantema (vermelhidão no corpo), que pode ser acompanhado de prurido.
Num período de 3 a 7 dias, a temperatura começa a cair e os sintomas geralmente regridem, mas pode persistir um quadro de astenia durante algumas semanas.
b) Nas crianças
Geralmente se inicia com febre alta acompanhada de sintomas inespecíficos: apatia, sonolência, recusa da alimentação, vômitos e diarréia. O exantema pode estar presente ou não.
Nos menores de 2 anos, as dores podem manifestar-se por choro intermitente, irritabilidade, apatia e recusa de líquidos, o que pode agravar a desidratação.
Nota: É exatamente no final do período febril que eventualmente surgem manifestações hemorrágicas: sangramento nasal, gengival, vaginal, rompimento dos vasos superficiais da pele (petéquias e hematomas), além de outros. Em casos mais raros, podem ocorrer sangramentos profusos no aparelho digestivo e nas vias urinárias.
Nas crianças, também as formas graves se manifestam depois do terceiro dia, quando a febre começa a ceder. Nos menores de 5 anos, o início da doença pode ser frustro, passar despercebido, e o quadro grave instalar-se como primeira manifestação reconhecível.
2) Febre hemorrágica da dengue (FHD)
As manifestações iniciais são as mesmas da forma clássica, até que ocorra remissão da febre, entre o terceiro e o sétimo dia, quando aparecem as manifestações hemorrágicas (espontâneas ou provocadas), o hemograma mostra que as plaquetas caem para menos de 100 mil/milímetro cúbico) e a pressão arterial pode baixar.
3) Dengue com complicações
É todo caso que não se enquadra nas duas formas anteriores, dado o potencial de risco evidenciado por uma das seguintes complicações: alterações neurológicas, sintomas cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragia digestiva, derrame pleural, hemograma com glóbulos brancos abaixo de 1.000 e/ou plaquetas abaixo de 50 mil.
As manifestações neurológicas incluem: delírio, sonolência, depressão, coma, irritabilidade extrema, psicose, demência, amnésia, paralisias e sinais de meningite. Geralmente, surgem no final do período febril ou na convalescença.
Os seguintes sinais de alerta indicam a possibilidade de quadros graves:
* Dores abdominais fortes e contínuas;
*Vômitos persistentes;
* Tonturas ao levantar (hipotensão postural);
* Diferença entre as pressões máxima e mínima menor do que 2 cm Hg (por exemplo: 9 por 7,5 ou 10 por 8,5);
* Fígado e baço dolorosos;Vômitos hemorrágicos ou presença de sangue nas fezes;
* Extremidades das mãos e dos pés frias e azuladas;
* Pulso rápido e fino;
* Agitação e/ou letargia;
* Diminuição do volume urinário;
* Diminuição súbita da temperatura do corpo;
* Desconforto respiratório;
A dengue é uma doença dinâmica que pode evoluir rapidamente de uma forma para outra. Assim, num quadro de dengue clássica, em dois ou três dias podem surgir sangramentos e sinais de alerta sugestivos de maior gravidade.
Por essa razão, o Ministério da Saúde recomenda que os pacientes ambulatoriais retornem ao Posto de Atendimento para reestadiamento. Recomenda, ainda, que depois da primeira consulta os médicos preencham o “Cartão de Identificação do Paciente com Dengue”.
Nesse cartão devem constar: identificação, unidade de atendimento, data de início dos sintomas, medição da pressão arterial, prova do laço*. Alguns dados do exame de sangue (hemograma), sorologia para dengue (resultado do exame de sangue específico para a dengue), orientação sobre os sinais de alerta, na presença dos quais o paciente deverá retornar com urgência, e o local de referência para atendimento dos casos graves na região.
Nota: Desde o início de setembro de 2010, por determinação do Ministério da Saúde, casos suspeitos de dengue 4 são de comonicação compulsória às autoridades sanitárias no prazo de 24 horas. O objetivo é evitar a dispersão do sorotipo 4 do vírus que, recentemente, foi identificado em estados do norte do Brasil, depois de muitos anos sem registro de nenhum caso de contaminação.
Prova do laço
A prova do laço é importante porque avalia a fragilidade capilar e pode refletir a queda do número de plaquetas. Está indicada em todos os casos com suspeita de dengue e pode ser a única manifestação hemorrágica nos quadros mais complicados da doença.
Procedimento:
1) Desenhar com uma esferográfica um quadrado de 2,5 cm de lado no antebraço do paciente;
2) Verificar a PA;
3) Calcular o valor médio entre a máxima e a mínima ( se a PA for 12 por 8, a média será 10);
4) Insuflar novamente o manguito até o valor médio (no caso, até 10) e mantê-lo insuflado por 5 minutos (em crianças, 3 minutos) ou até o aparecimento de pequenos pontos de sangramento sob a pele (petéquias);
5) Contar o número de petéquias no interior do quadrado;
6) A prova será positiva se surgirem mais do que 20 petéquias no adulto ou 10 nas crianças.
Diagnóstico
Suspeitar de dengue em todo caso de doença febril aguda com duração máxima de 7 dias, acompanhada de dois dos seguintes sintomas, associados ou não a hemorragias:
* Dor de cabeça;
* Dor atrás dos olhos;
* Dores musculares;
* Dores nas juntas;
* Prostração;
* Vermelhidão no corpo.
Além desses sintomas, o paciente deve ter estado nos últimos 15 dias em área com casos de dengue ou em que existam mosquitos Aedes aegypti.
O diagnóstico é essencial para avaliar a gravidade do caso e orientar o tratamento. De acordo com a gravidade, os casos costumam ser divididos em três grupos:
1) Grupo A
Compreende os casos com as seguintes características:
* Febre por até 7 dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e sintomas inespecíficos: dor de cabeça, prostração, dor atrás dos olhos, nos músculos, nas juntas e exantema, associados à presença em área em que existam casos de dengue;
*Ausência de hemorragias: espontâneas e prova do laço negativa;
*Ausência de sinais de alerta
2) Exames laboratoriais
O exame para confirmar o diagnóstico de dengue dever ser pedidos de acordo com a situação epidemiológica:
* Em períodos não epidêmicos, solicitá-los em todos os casos suspeitos;
* Em períodos epidêmicos, solicitá-los de acordo com a orientação da Vigilância Epidemiológica;
* Solicitá-los sempre nas mulheres grávidas, para diferenciar dengue de rubéola.
3) Hemograma
Deve ser pedido obrigatoriamente nos casos de gestantes, pessoas 65 anos, portadores de hipertensão, diabetes, doença pulmonar crônica, renal crônica, cardiovascular ou do aparelho digestivo.
Tratamento
Não existe tratamento específico para combater o vírus. Sua função é combater a desidratação e aliviar os sintomas.
1) Hidratação oral
No primeiro dia: Administrar por via oral 80 mL/kg de peso corpóreo (um adulto de 70 kg deve receber: 80mL x 70mL = 5.600 mL ou 5,6 litros). Atenção: 1/3 desse volume deve ser de soro caseiro (preparado com uma colher de chá de sal e uma de sopa de açúcar dissolvidas em 1 L de água fervida ou filtrada). Os 2/3 restantes podem ser de água, sucos de frutas, chás ou água de coco (recomendada).
Do segundo dia em diante até a febre desaparecer: Administrar por via oral: 60 mL/kg de peso (um adulto de 70 kg deve receber: 60 x 70 = 4.200 mL ou 4,2 L).
Em crianças oferecer: 50mL/kg a 60 mL/kg de peso de soro caseiro a cada 4 ou 6 horas. Se houver vômito ou diarréia, esse volume deve ser aumentado. Não há restrição para o aleitamento.
2) Sintomático
Para combater a febre alta e as dores.
a) Dipirona: É o analgésico/antipirético de escolha. Nas crianças usar 1 gota/kg de peso de 6/6 horas. Nos adultos, 20 a 40 gotas ou 1 comprimido de 500 mg de 6/6 horas.
b) Paracetamol: Em crianças 1 gota/kg de peso de 6/6 horas. Em adultos 1 comprimido de 500 ou 750 mg de 6/6 horas. Respeitar as doses máximas porque o Paracetamol em doses mais altas tem toxicidade hepática.
Notas importantes:
* Antiinflamatórios estão contraindicados por causa do potencial hemorrágico;
* Jamais usar antitérmicos que contenham o ácido acetilsalecílico (AAS, Aspirina, Melhoral, etc): podem causar sangramentos;
* Não comer alimentos que eliminem pigmentos avermelhados na urina e nas fezes (beterraba, açaí, etc.) que possam ser confundidos com sangramento.
Para combater os vômitos e o prurido:
* Metoclopramida (Plasil e outros) e Dimenidriminato (Dramin e outros) podem ser usados 3 a 4 vezes/dia;
* O prurido, que pode ser incômodo, dura de 3 a 4 dias. Pode ser tratado com banhos frios e compressas com gelo. Nos casos mais rebeldes administrar antialérgicos comuns.

Tipos de acidentes


Colisão, abalroamento, tombamento, capotagem, atropelamento, choque com objeto fixo, são os tipos de acidentes adotados pelo DENATRAN para descrever os acidentes e classificá-los.
A análise das circunstâncias e das conseqüências dos vários tipos de acidentes permite definir meios de reduzir tanto sua freqüência como sua gravidade.
O DNIT utiliza uma classificação mais detalhada para os acidentes nas rodovias.
Os acidentes ocorridos na rede federal (em 2002) são classificados em 14 categorias apresentadas abaixo, por ordem de freqüência:
Colisão traseira25%
Saída de pista18%
Abalroamento lateral mesmo sentido12%
Choque com objeto fixo9%
Abalroamento transversal7%
Atropelamento5,2%
Abalroamento lateral sentido oposto4,8%
Atropelamento de animal3,7%
Capotagem3,3%
Tombamento3,2%
Colisão frontal2,8%
Atropelamento e fuga1,4%
Choque com veiculo estacionado0,5%
Outros tipos4,6%
Total100%
Estes tipos de acidentes diferem em termos de periculosidade. Ver em anexo como se classificam em função das vítimas fatais e das vítimas em geral por eles causadas.

Tipos de acidentes nas rodovias

Fatores humanos de risco


O fator humano está presente em quase todos os acidentes de trânsito.
Os fatores humanos de risco são numerosos e cada um deles justificaria muitos comentários. Nesta etapa de implementação do portal, damos somente, a seguir, uma apresentação sumária dos principais.
Convém também mencionar que há diferentes níveis de fatores, por exemplo a sub-estimação do risco e a maneira em que isto vai se manifestar (excesso de velocidade, ultrapassagem, etc.). Poderia quase se falar de fatores primários e secundários. Eles estão mencionados a seguir nesta ordem.
Sub-avaliação da probabilidade de acidente
Desatenção
Cansaço
Deficiências (visual, auditiva, motora)
Consumo de álcool
Consumo de droga
Excesso de velocidade
Desrespeito à distancia mínima entre veículos
Ultrapassagem indevida
Outras infrações de motoristas
Não-uso de cinto, de capacete, de proteção par criança
Imprudência de pedestres, de ciclistas, de motociclistas

Cada fator descrito a seguir é uma pista para ações de prevenção.

Sub-avaliação da probabilidade de acidente A exposição desnecessária ao risco é uma tendência freqüente, especialmente no caso dos condutores masculinos e também dos pedestres, ainda mais quando jovens: autoconfiança nos próprios reflexos, procura de sensações fortes, menor percepção do perigo.
Desatenção Uma longa viagem, um percurso cotidiano eternamente repetido, o uso do telefone celular, podem ter o mesmo resultado: uma desatenção ao que está acontecendo e a incapacidade a reagir de modo a evitar o acidente. Isto é considerado, junto com o cansaço do condutor, como a primeira causa de acidente nas rodovias interurbanas.
Cansaço Um condutor cansado pode adormecer ou ficar sonolento, com capacidade de reação extremamente reduzida. É um fator conhecido, que deve dar lugar a regulamentações do tempo de trabalho dos condutores de caminhões e a recomendações a todos condutores quanto à freqüência e a duração das paradas. Veja as informações sobre a campanha em curso, promovida por ABRAMET, com o título: “O cansaço mata”.
Deficiências Pode ser lentidão: muitos pedestres atropelados são pessoas idosas. Pode ser uma deficiência visual: ma avaliação da distância ou da velocidade de um veículo se aproximando. Pode ser uma deficiência auditiva: para um pedestre, não percepção de um veiculo chegando por trás.
Consumo de álcool Efeitos negativos: euforia, com sensação de potência e superestimação das próprias capacidades, diminuição dos reflexos, estreitamento do campo visual, alteração da capacidade de avaliação das distâncias e das larguras, maior sensibilidade ao deslumbramento.
Consumo de droga Efeitos similares.
Excesso de velocidade A velocidade incide sobre a freqüência e a gravidade dos acidentes. É fato comprovado que qualquer aumento da velocidade autorizada aumenta estes dois parâmetros. Por exemplo, no caso dos atropelamentos, os maiores causadores de vitimas fatais, a velocidade tem um papel determinante. Dela dependem os tempos de reação do motorista e do pedestre e, obviamente, a violência do choque. Se o tempo de reação do motorista for insuficiente para parar o carro e o tempo de reação do pedestre for insuficiente para chegar ao outro lado da rodovia, o acidente é quase inevitável. Qualquer travessia de zona urbana ou em curso de urbanização exige uma redução drástica da velocidade, salvo se houverem passarelas permitindo a travessia.
Desrespeito à distância entre veículos É um erro extremamente freqüente e grave, presente na maioria das colisões traseiras, o tipo de acidente mais freqüente na rede federal: 25% dos acidentes, 14% dos acidentes com feridos, 7% dos acidentes com mortos. Ficando próximo demais do veiculo que lhe precede, o motorista reduz o próprio tempo de reação, renunciando a qualquer possibilidade de evitar o acidente em caso de freada do veículo que vai à frente dele.
Ultrapassagem indevida A colisão frontal fica em segundo lugar na classificação dos tipos de acidentes com vítimas fatais e o abalroamento lateral de sentido oposto, que tem as mesmas causas, fica em quarto lugar. Juntos, eles são responsáveis por 23% dos acidentes com vítimas fatais.
Outras infrações de motoristas
Nao-uso de cinto, de capacete, de proteção par criança. Grandes progressos foram feitos pelos construtores de veículos e, infelizmente, são pouco aproveitados para reduzir a gravidade e a freqüência dos acidentes. O exemplo mais típico é o não uso do cinto no banco traseiro.
Imprudência de pedestres, de ciclistas, de motociclistas.
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