Em breve, não vai mais ser necessário um cata-vento gigante
para produzir energia eólica: uma espécie de grama sintética, que
poderá ficar no telhado das casas, fará o trabalho. Pequenas tirinhas de
plástico flexível são colocadas em um painél. Elas possuem nanofios
anexados de um lado, e, do outro, uma camada de óxido de índio-estanho
(OIE), que é o principal componente das telas de cristal líquido. Ao
contrário do vidro, ele é capaz de conduzir eletricidade. É aí que entra
a sacada da nova tecnologia: quando o vento sopra, os nanofios entram
em contato com com a superfície de OIE do vizinho. Esse contato permite
que que os elétrons passem de um material para o outro, criando uma
corrente elétrica.
Até agora, o gerador só foi testado em laboratório, com 60
tirinhas, o que gerou energia o suficiente para iluminar 60 lâmpadas de
LED. Ele funciona com ventos a partir de 21 km/h, mas foi mais eficiente
com ventos diretos de 100 km/h. Segundo os pesquisadores, a ideia não é
só extrair energia dos ventos fracos e constantes, mas também das
rajadas fortes.
A ideia é boa, mas, até agora, enfrenta dois grandes
problemas: o primeiro é o armazenamento. Para que o sistema funcione com
sucesso, ele precisa ser capaz de armazenar energia, já que os
fenômenos naturais não podem ser controlados. Em um dia pode ventar
muito, no outro pode não ventar nada. O outro problema, como aponta o
pesquisador Fernando Galembeck, da Unicamp, em entrevista à New Scientist,
é o OIE. Ele é pobre em propriedades mecânicas -é frágil-, custa caro e
ainda é tóxico. Ele afirma: "O conceito é altamente promissor, mas a
sua realização depende da mudança para outros materiais".