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Thaís Sabino
"Mente aquele que diz que não mente", é assim que o perito em detectar mentiras e professor do
Behavior Analysis
Training Institute - instituto que treina a polícia americana para
detecção de mentiras -, Wanderson Castilho, começa a entrevista ao
Terra.
Segundo ele, apesar do desprezo que todas as pessoas conservam pelos
fatos que não condizem com a realidade, "quem nunca contou uma
mentira?".
Talvez mentir não seja tão incômodo quando ouvir uma inverdade; mais
do que isso, em casos policiais saber a verdade é fundamental. Além do
polígrafo -
detector de mentiras
que mede pressão arterial, batimentos cardíacos, temperatura do corpo e
dilatação da pupila - Castilho diz que descobrir quando alguém está
mentindo se baseia em analisar os sinais emitidos pelo corpo deste
indivíduo, tarefa que uma pessoa comum é capaz de fazer, se souber no
que deve prestar atenção.
"Quando conversamos, mantemos um padrão. Pode falar rápido, devagar,
alto ou baixo, mas sempre em um padrão. Quando a pessoa começa a
mentir, este padrão muda", explicou. De acordo com o perito, o cérebro
entra em um processo de criação. "Um exemplo é quando a namorada
pergunta ao namorado: 'você saiu
ontem à noite?'
e ele, mesmo entendendo a pergunta, responde: 'o que?'". Esta pausa é o
tempo que o cérebro encontrou para pensar em uma resposta.
Desviar o olhar, falar com muitas justificativas, mexer
mãos e pés
de forma frenética, mudar o tom de voz, entre outros sintomas, são
indicativos de um mentiroso. O psiquiatra e diretor do Instituto de
Neurolinguística Aplicada, Jairo Mancilha, explica
que o corpo
sempre é mais fiel à verdade do que a fala. "A fala é criada pelo
consciente, mas os sinais do corpo são provocados pelo inconsciente e a
pessoa não consegue controlar", disse ele.
"O cérebro não aceita a negação. É como: 'não pense em vermelho' e
logo a pessoa pensa na cor vermelha. A mentira é uma negação à verdade
que manifesta diversas alterações fisiológicas", acrescentou o perito em
identificar mentirosos. O psiquiatra Mancilha reforça que não existe
regra, mas alguns sinais são um alerta de que o indivíduo está mentindo;
confira 14 indícios abaixo.
Desviar o olhar - Quando a pessoa mente, geralmente, tem
dificuldade em manter o contato ocular com naturalidade, de acordo com o
psiquiatra e diretor do Instituto de Neurolinguística Aplicada, Jairo
Mancilha.
Olhar muito fixamente - Indivíduos que têm conhecimento de
que o desvio do olhar é visto como sinal de mentira, podem fixar de
forma exagerada os "olhos nos olhos" da outra pessoa. "Pessoas
verdadeiras tentam transmitir a verdade, as mentirosas precisam
convencer o outro a acreditar na história criada", afirmou o perito em
detectar mentiras e professor do Behavior Analysis
Training Institute, Wanderson Castilho.
Piscar - "Mentirosos tendem a dar piscadas mais longa",
disse Castilho. Como efeito inconsciente, o cérebro em uma atitude de
recusa ao que a pessoa está dizendo, provoca estas piscadas em que os
olhos permanecem fechados por mais tempo do que o habitual, explicou o
perito.
Voz - "O tom da voz perde a congruência, a voz não fica tão
firme, pode ficar trêmula, cortada e sem fluidez", disse Mancilha. De
acordo com Castilho, o tom de voz também pode ficar baixo e a fala ser
projetada para dentro.
Mãos - Quando o organismo entra em estado de alerta, por
nervoso ou ansiedade, a temperatura periférica tende a cair. Por isso,
quando uma pessoa está mentindo pode ficar com as mãos e pés gelados,
segundo Mancilha. Além disso, mãos trêmulas e agitadas também são
indicadores da mentira, adicionou Castilho.
Pele - O nervosismo causado pelo ato de mentir pode alterar a
cor e aparência da pele. "A pessoa pode ficar mais vermelha ou mais
pálida", afirmou Mancilha. A sudorese repentina é outra característica
da situação, segundo Castilho.
Fala - "Quem está mentindo dá mais rodeios, muitas
justificativas, fala demais", caracterizou Mancilha. Quando alguém, que
não tem o costume de ser prolixo, começa a demorar demais para chegar ao
objetivo da conversa, existe chance de a história ser uma grande
mentira.
Pausas - "A conversa está fluindo, de repente, um assunto
faz a pessoa que está falando iniciar uma série de pausas na fala",
exemplificou Castilho. De acordo com o perito, os intervalos podem
indicar que o cérebro está criando as próximas informações.
Mãos nos bolsos - As mãos nos bolsos é um sinal de que a
pessoa está escondendo algo, de que está fechada a dar ou receber
informações, disse Castilho. As palmas das mãos abertas e viradas para a
pessoa com quem se fala já indicam um sentimento muito mais tranquilo e
confortável em relação ao assunto da conversa.
Olhar para o lado esquerdo - Para pessoas destras, o lado
esquerdo é o da criação, portanto, quando uma pessoa é indagada e move
os olhos para a esquerda, pode estar com a intenção de criar uma
resposta, ou seja, uma mentira, explicou Castilho.
Olhar para o lado direito - Já olhar para o lado direito não é
indício de mentira. De acordo com Castilho, o lado direito é o da
memória, por isso, quando uma pessoa olha para a direita antes de falar,
significa que está buscando informações na memória.
Saliva - Quando o corpo entra em alerta, por uma situação de
estresse - que se aplica durante um relato mentiroso - o corpo para de
produzir saliva e a pessoa começa a "engolir seco", disse Castilho. Isso
varia de acordo com o nervosismo e tensão do mentiroso durante a fala,
mas é comum que a boca fique seca, segundo o perito.
Coceiras - Outro sintoma da mentira é a coceira. O cérebro
recusa a história falada e provoca estímulos que podem levar a mão à
boca, ouvidos e cabeça. "É como se o cérebro transmitisse 'eu não quero
falar isso', então a mão vai à boca; 'eu não quero ouvir isso', a mão
passa pela orelha; ou 'eu não concordo com isso', e a pessoa coça a
cabeça", explicou Castilho.
Face - De acordo com Castilho, a estratégia de análise da
face é bastante usada para identificar mentirosos. Segundo ele, fala e
feição devem estar congruentes, quando isso não ocorre, existe algo
errado. "Uma pessoa que conta um evento como 'muito legal' não pode
estar com uma face de desprezo ou tristeza. Se estiver, significa que o
que ela está falando talvez não seja verdade", explicou.