sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sobre TRAIÇÃO e LEALDADE entre os “profissionais” da Política


Quando Nicolau Maquiavel afirmou que “na política, os aliados atuais são os inimigos de amanhã" encontrava-se em meio a uma configuração geopolítica complicada na Europa entre os séculos XV e XVI. Os especialistas em sua obra afirmam que  Maquiavel foi mal interpretado e que ele não defendia a falta de ética entre os acordos políticos, nem tampouco o absolutismo, mas somente a centralização do poder nas mãos do monarca, ao tempo em que apresentava modelos de principado e sugestões de governança, tudo situado no espaço temporal em que viveu. Polêmicas a parte, o fato é que o livro O Príncipe  o levou a fama, postumamente. No entanto,  a propaganda negativa de seu pensamento, que foi sinteticamente traduzido e repassado entre as gerações até os dias atuais, através da máxima:  os fins justificam os meios; chega até nós como um principio de verdade de uma prática que compreende os processos e definem as configurações políticas nos dias atuais.
Pois bem, começo meu artigo de hoje com Maquiavel para proporcionar aos meus poucos leitores e aos muitos políticos a oportunidade de refletir sobre os últimos acontecimentos esdrúxulos na arena política do Piauí,  que alastram por vários de seus municípios, como uma peste sem controle. Acho que não cabe nem sequer entrar em um debate sobre conceitos e ética política, porque não há ética a ser debatida, não existe acordo ético, não existe eticidade pública acordada entre os partidos, candidatos e sociedade que esteja sendo cumprida, pois ao que parece, no lugar em que se encontram os nossos mais “nobres” e expoentes nomes da política, realmente, “os fins justificam os meios”. 
Mas o que podemos fazer, além de rezar para que os fins não estejam resumidos a lucros próprios, desvio de recursos, pagamento de propinas, corrupção, etc.? 
Acredito que podemos fazer muito mais. Podemos por exemplo, não votar nos políticos que se vendem a qualquer preço; porque, acreditem vocês, meus 5 ou 6 leitores,  eles não estão se vendendo porque desejam o bem social, estão se vendendo porque há um acordo de lucratividade no investimento político que, decididamente, não inclui a sociedade.  É verdade que existem os que estão no meio/mercado político porque desejam o desenvolvimento e até se sacrificam pelo ideal, no entanto, está cada vez mais difícil, reconhecer um bom político.
Por outro lado  e voltando ao rumo inicial de nossa prosa; se não podemos falar de ética política porque o nosso estágio atual está tão complicado e corrompido como  séculos atrás, podemos pelo menos nos dedicar a pensar sobre a traição. 
Quando nos sentimos traídos ou quando traímos é porque rompemos com um acordo prévio em que a confiança se pauta na verdade de que algo deve ser cumprido. Essa confiança, que se instaura a partir de um princípio de verdade estabelecido, é a base da lealdade, muito mais do que de uma fidelidade utópica e raramente encontrada na contemporaneidade.
Morin afirma que as mutações no tecido social, assim como, a mudança nos valores e princípios levaram a uma crise da  ética universal, sobretudo, porque as instituições que constituem os pilares da ética coletiva encontram-se em crise, como a religião que carrega em si o principio de religação com Deus e com o outro; como a família que é considerada a célula mater da sociedade; como a educação cujo processo está cada vez mais fragilizado. Se, portanto, a ética está em crise, o que se deve fazer? Voltar à barbárie, estágio da humanidade em que cada um estava por si e nem existia Deus para todos?
A meu ver,  a sociedade está em processo de transformação. Acredito que a ética é temporal e está se adequando aos valores atuais e, portanto, deverá atender as necessidades de respeito, confiança e lealdade dos nossos dias. No entanto, aqui nos surge a maior de todas as dúvidas: _ Se estamos mudando e devemos procurar nos pautar por valores que garantam um futuro melhor para a nossa sociedade, como devemos agir, se as pessoas que deveriam nos inspirar agem sem a menor pauta ética ?
Muitos de nossos políticos que acreditam que possuem poder e riqueza infinitos,  hoje afirmam:_ nós não traímos, fomos apenas fiéis ao nosso partido. Por outro lado, outros afirmam:_ nós não traímos o nosso partido, fomos apenas fiéis ao nosso desejo de ajudar o Piauí. E todos afirmam categoricamente que estão se sacrificando pelo povo. 
Ao que me parece, reina em nosso Estado uma atmosfera ética de utilidade, em que partidos e políticos seguem princípios distintos, sendo que cada um realiza um processo  de adequação ética ao seu objetivo na sociedade. Não existe lealdade ao acordo social que vive no imaginário coletivo do povo, que serve de guia para a comunidade, pois os princípios devem cumpridos porque existe a necessidade de que o bem estar social se instale, e, para tanto, todos precisam abdicar  de alguma coisa para que a sociedade cresça e se desenvolva. 
Por fim, encerro meu artigo hoje, com um pensamento de Confúcio. A ideia é,  tanto fazer um contraponto a Maquiavel,  como, e, principalmente, para que possamos refletir melhor sobre: Traição e Lealdade:
“Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa; não te alies aos moralmente inferiores; não receies corrigir teus erros”. Confúcio 
Ana Regina Rêgo - Phd em Comunicação Corporativa. Mestre em Comunicação e Cultura. Jornalista. Consultora. Profa. PPGCOM-UFPI. Email: ana.rani@uol.com.br
Sobre TRAIÇÃO e LEALDADE entre os “profissionais” da Política 
Quando Nicolau Maquiavel afirmou que “na política, os aliados atuais são os inimigos de amanhã" encontrava-se em meio a uma configuração geopolítica complicada na Europa entre os séculos XV e XVI. Os especialistas em sua obra afirmam que  Maquiavel foi mal interpretado e que ele não defendia a falta de ética entre os acordos políticos, nem tampouco o absolutismo, mas somente a centralização do poder nas mãos do monarca, ao tempo em que apresentava modelos de principado e sugestões de governança, tudo situado no espaço temporal em que viveu. Polêmicas a parte, o fato é que o livro O Príncipe  o levou a fama, postumamente. No entanto,  a propaganda negativa de seu pensamento, que foi sinteticamente traduzido e repassado entre as gerações até os dias atuais, através da máxima:  os fins justificam os meios; chega até nós como um principio de verdade de uma prática que compreende os processos e definem as configurações políticas nos dias atuais.
Pois bem, começo meu artigo de hoje com Maquiavel para proporcionar aos meus poucos leitores e aos muitos políticos a oportunidade de refletir sobre os últimos acontecimentos esdrúxulos na arena política do Piauí,  que alastram por vários de seus municípios, como uma peste sem controle. Acho que não cabe nem sequer entrar em um debate sobre conceitos e ética política, porque não há ética a ser debatida, não existe acordo ético, não existe eticidade pública acordada entre os partidos, candidatos e sociedade que esteja sendo cumprida, pois ao que parece, no lugar em que se encontram os nossos mais “nobres” e expoentes nomes da política, realmente, “os fins justificam os meios”. 
Mas o que podemos fazer, além de rezar para que os fins não estejam resumidos a lucros próprios, desvio de recursos, pagamento de propinas, corrupção, etc.? 
Acredito que podemos fazer muito mais. Podemos por exemplo, não votar nos políticos que se vendem a qualquer preço; porque, acreditem vocês, meus 5 ou 6 leitores,  eles não estão se vendendo porque desejam o bem social, estão se vendendo porque há um acordo de lucratividade no investimento político que, decididamente, não inclui a sociedade.  É verdade que existem os que estão no meio/mercado político porque desejam o desenvolvimento e até se sacrificam pelo ideal, no entanto, está cada vez mais difícil, reconhecer um bom político.
Por outro lado  e voltando ao rumo inicial de nossa prosa; se não podemos falar de ética política porque o nosso estágio atual está tão complicado e corrompido como  séculos atrás, podemos pelo menos nos dedicar a pensar sobre a traição. 
Quando nos sentimos traídos ou quando traímos é porque rompemos com um acordo prévio em que a confiança se pauta na verdade de que algo deve ser cumprido. Essa confiança, que se instaura a partir de um princípio de verdade estabelecido, é a base da lealdade, muito mais do que de uma fidelidade utópica e raramente encontrada na contemporaneidade.
Morin afirma que as mutações no tecido social, assim como, a mudança nos valores e princípios levaram a uma crise da  ética universal, sobretudo, porque as instituições que constituem os pilares da ética coletiva encontram-se em crise, como a religião que carrega em si o principio de religação com Deus e com o outro; como a família que é considerada a célula mater da sociedade; como a educação cujo processo está cada vez mais fragilizado. Se, portanto, a ética está em crise, o que se deve fazer? Voltar à barbárie, estágio da humanidade em que cada um estava por si e nem existia Deus para todos?
A meu ver,  a sociedade está em processo de transformação. Acredito que a ética é temporal e está se adequando aos valores atuais e, portanto, deverá atender as necessidades de respeito, confiança e lealdade dos nossos dias. No entanto, aqui nos surge a maior de todas as dúvidas: _ Se estamos mudando e devemos procurar nos pautar por valores que garantam um futuro melhor para a nossa sociedade, como devemos agir, se as pessoas que deveriam nos inspirar agem sem a menor pauta ética ?
Muitos de nossos políticos que acreditam que possuem poder e riqueza infinitos,  hoje afirmam:_ nós não traímos, fomos apenas fiéis ao nosso partido. Por outro lado, outros afirmam:_ nós não traímos o nosso partido, fomos apenas fiéis ao nosso desejo de ajudar o Piauí. E todos afirmam categoricamente que estão se sacrificando pelo povo. 
Ao que me parece, reina em nosso Estado uma atmosfera ética de utilidade, em que partidos e políticos seguem princípios distintos, sendo que cada um realiza um processo  de adequação ética ao seu objetivo na sociedade. Não existe lealdade ao acordo social que vive no imaginário coletivo do povo, que serve de guia para a comunidade, pois os princípios devem cumpridos porque existe a necessidade de que o bem estar social se instale, e, para tanto, todos precisam abdicar  de alguma coisa para que a sociedade cresça e se desenvolva. 
Por fim, encerro meu artigo hoje, com um pensamento de Confúcio. A ideia é,  tanto fazer um contraponto a Maquiavel,  como, e, principalmente, para que possamos refletir melhor sobre: Traição e Lealdade:
“Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa; não te alies aos moralmente inferiores; não receies corrigir teus erros”. Confúcio 
Ana Regina Rêgo
Phd em Comunicação Corporativa. Mestre em Comunicação e Cultura. Jornalista. Consultora. Profa. PPGCOM-UFPI. email: ana.rani@uol.com.br

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