terça-feira, 23 de junho de 2015

Memórias positivas podem curar a depressão

Experimento conseguiu curar sintomas depressivos imediatamente em ratos
POR Fábio Marton ATUALIZADO EM 19/06/2015
Tom e Jerry deprimidosReprodução
Quem passou pela depressão sabe que uma das coisas mais difíceis na hora mais escura é conseguir tirar da cabeça pensamentos e lembranças negativas. Mas, se for possível, lembranças boas podem muito bem aliviar a depressão - e imediatamente. Ao menos se você for um rato geneticamente modificado recebendo um feixe de luz azul direto nos neurônios, no laboratório de Susumu Tonegawa.
Foi isso que o cientista do MIT fez. Funcionou assim: Tonegawa alterou ratos geneticamente para que seu cérebro tivesse proteínas sensíveis à luz. Com isso, os cientistas conseguem identificar quais neurônios são ativados quando uma memória é formada. Esses mesmos neurônios podem ser ativados novamente quando uma luz azul é emitida contra eles, trazendo de volta a memória.
Os cientistas usaram a primeira parte para gravar o armazenamento de uma memória prazerosa nos ratos: a exposição de machos a uma fêmea. Os mesmos ratos depois tiveram seus movimentos restritos por dez dias, o que causa depressão por estresse - sabe-se que eles estão deprimidos porque param de se interessar por água açucarada e não reagem quando são pegos pelo rabo, comportamentos de um rato mentalmente saudável.
Com os ratos devidamente repensando em suas decisões na vida e com um súbito interesse pelos Smiths, Tonegawa acendeu o facho de luz azul para trazer de volta a memória positiva.
Em minutos, as cobaias novamente se interessaram pela água adocicada, tentaram escapar quando pegos pelo rabo e talvez até tenham começado a mandar currículos (ok, essa parte não foi mencionada). Conclusão: foram curados da depressão por uma memória positiva.
Jerry CoraçãoReprodução
Tonegawa comentou as possibilidades: "os resultados são ainda preliminares, mas eles apontam que áreas do cérebro envolvidas em armazenar memórias podem um dia ser alvo para tratar transtornos mentais em humanos". Mas, como a gente bem avisou no começo da matéria, é preciso paciência. "Eu quero ser cuidadoso em não dar falsas expectativas aos pacientes. Estamos fazendo ciência muito básica."
Tonegawa é o mesmo cientista que apresentou alguns dias atrás um método para curar amnésia, usando a mesma técnica de optogenética. Esquecemos de mencionar na ocasião, mas ele é oPrêmio Nobel da Fisiologia ou Medicina de 1987, quando trabalhava com imunologia e tinha um cabelo bem mais chocrível. .

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