segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Os romanos já sabiam - 130 é o número de pessoas com quem conseguimos ter relação de compromisso e amizade

Na antiguidade, as legiões do Império Romano eram compostas de centúrias com 130 soldados em cada uma. A quantidade não era por acaso . É o número de pessoas com quem conseguimos ter relação de compromisso e amizade

As legiões do império romano eram compostas de centúrias. Em cada uma delas 130 soldados avançavam – segurando suas lanças e escudos – contra o inimigo. Foi o maior exército da Antiguidade, com estratégias de ataque e defesa implacáveis que seriam reproduzidas por séculos nos campos de batalha. A chave de seu sucesso era o funcionamento da equipe, com seu famoso “spirit de corps”: o soldado se preocupava com a centúria e a centúria se preocupava com o soldado. A responsabilidade e a dedicação do indivíduo em relação aos seus companheiros eram totais, assim como a certeza de que os outros 129 companheiros pensavam assim e ninguém seria deixado para trás em nenhuma circunstância.
A quantidade de elementos que compunham uma centúria não era por acaso. O número 130 corresponde à quantidade de rostos que, tradicionalmente, uma pessoa pode reter em sua mente e se preocupar em ter uma relação de comprometimento, amizade e interação social. Além disso, a fronteira dos sentimentos se torna difusa. Os romanos não inventaram a roda, mas aperfeiçoaram a máquina de fazer guerra contra exércitos mais numerosos e até mais valentes. O número é mantido até hoje no exército americano, uma companhia corresponde exatamente ao número de soldados de uma centúria romana. O sentimento dos componentes de uma brigada (1.500 homens) é diferente, é mais difícil que alguém arrisque a vida por outro.
O princípio romano de relacionamento foi comprovado cientificamente pelo pesquisador e antropólogo inglês Robin Dunbar. O grupo de convivência do primata era proporcional ao tamanho de seu cérebro. A partir daí ele comparou o cérebro dos primatas com o dos seres humanos e chegou à conclusão de que o grupo, o círculo ideal, na média, é de 147,8 membros. Para facilitar os cálculos e ajudar na memorização, Dunbar arredondou a cifra para 150. Outros pontos se conectam com o número Dunbar, como ficou conhecida a teoria. Análises de restos pré-históricos indicam que o grupo médio de componentes de uma comunidade nas cavernas do passado era de 148. Mas não é necessário recuar tanto no tempo, tribos indígenas da Dakota do Sul se separavam quando chegavam a 150 membros.
Facebook
O mundo gira, a Lusitana roda e um grupo de garotos americanos decide criar uma rede social que – através do computador – permita que eles consigam se aproximar das colegas sem tirar a bunda da cadeira. E sem ter de ficar vermelhos de vergonha pela falta de coragem de se aproximar das moças bonitas. Ou seja, a lei do mínimo esforço aplicada aos relacionamentos. A intenção até que pode ser nobre. O problema é quando esse instrumento de aproximação passa a existir por si mesmo. A competição para ver quem tem o maior número de relacionamentos virtuais gerou uma corrida para aumentar o número de seguidores, como se tivéssemos todos que ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar. Brincadeira de crianças. A página de estatística do Facebook diz que, entre os seus milhões de usuários, a média de amigos é de 130. Os romanos, meu caro, já sabiam disso.
*J. R. Duran, 59, é fotógrafo e escritor www.twitter.com/jotaerreduran

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