sábado, 23 de abril de 2016

CIÊNCIA TEORIA DA EVOLUÇÃO CHARLES DARWIN BACTÉRIAS Em terra de homem, bactéria é rainha: conheça a nova árvore da vida

Em terra de homem, bactéria é rainha: conheça a nova árvore da vida

Grupo internacional de cientistas acrescentou mil novos microrganismos ao diagrama que mostra a evolução das espécies
POR Ana Carolina Leonardi ATUALIZADO EM 20/04/2016
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Desde que Darwin elaborou a Teoria da Evolução, cientistas têm tentado encontrar o modelo ideial para mostrar toda a história da evolução. A árvore da vida se tornou um dos desenhos mais simbólicos e interessantes para esse propósito: partindo de um tronco único, a origem da vida, surgem galhos cheios de ramificações, que mostram como as espécies se diversificaram ao longo do tempo.
O modelo mais exato de uma árvore genealógica da vida até hoje era o chamado "Hillis Plot": um diagrama que mostra toda a evolução biológica desde o surgimento da vida, há 3,5 bilhões de anos. E vai dos primeiros seres unicelulares até os humanos, felinos, insetos, conchas e esponjas modernas que dividem o planeta com a gente - todos filhos de um ancestral comum, a primeira forma de vida da Terra.
A ciência já classificou 1,7 milhão de espécies, e imagina que existam mais ou menos 9 milhões no planeta - a imensa maioria espécies distintas de bactérias. 
O Hillis Plot, porém, é só uma simplificação. Ele foi feito a partir da análise do material genético de 3 mil espécies, e desenhado de acordo com a semelhança genética entre eles. Essa árvore clássica, porém, subestimou o papel das bactérias no desenvolvimento evolutivo. 
Agora, um grupo de mais de 15 cientistas de universidades dos EUA e do Japão apresentou uma nova versão da árvore da vida, bem diferente. Ela mostra que a história das bactérias ao longo da evolução é incrivelmente mais rica e complexa do que se imaginava. 
Com isso, a árvore cresceu dramaticamente. Com o já conhecido narcisismo humano, versões passadas do diagrama tinham um grande foco no domínio dos eucariontes, o grupo que inclui o Homo sapiens. A nova árvore da vida nos força a uma posição de mais humildade: todos os eucariontes - animais, fungos e plantas - ficam espremidos em um pequeno galho, pois são caçulas da evolução com meros de 2 bilhões de idade, completamente ofuscados pelo imenso histórico evolucionário do grupo das bactérias, que remonta à própria origem da vida. 
Para isso, os cientistas analisaram o genoma de mais de mil microrganismos jamais catalogados - em muitos casos, bactérias que vivem em ambientes remotos, como o sal do Deserto do Atacama e ecossistemas subterrâneos no Japão.
A grande árvore e suas ramificações
Na biologia, Charles Darwin usou o conceito de "árvore da vida" em seu livro A Origem das Espécies (1859): "A grande árvore da vida preenche as camadas da crosta terrestre com seus ramos mortos e quebrados enquanto que as suas magníficas ramificações, sempre vivas e renovadas incessantemente, cobrem a superfície". Só a descrição da árvore nesse trecho já serve de metáfora para toda a teoria de Darwin. Os galhos mal adaptados se quebram e morrem e são substituídos por galhos novos, e melhor adaptados.
Árvore de Haeckel mostra suposta evolução do homem
Alguns anos mais tarde, o biólogo Ernst Haeckel criou uma série de árvores da vida. Haeckel chegou a desenhar uma árvore mostrando a suposta linha de antepassados do homem, começando em espécies mais simples como bactérias, evoluindo para espécies progressivamente complexas, até chegar ao homo sapiens.
Essa visão linear e progressiva da evolução era comum nos séculos XIX e XX. As teorias da época partiam do princípio de que a seleção natural tornava as formas de vida cada vez mais complexas, até chegar às de hoje - tendo o Homo sapiens no papel de supra-sumo da evolução, musa definitiva da saga da vida. Nada mais equivocado. Hoje, as evidências apontam para uma evolução não-direcional: de acordo com as condições do ambiente, a seleção natural pode tanto favorecer um aumento quanto uma diminuição da complexidade dos organismos que ali vivem. Daí que as unhas dos tigres são máquinas de matar, e as nossas mal servem para roer; daí para as baleias conversarem com desenvoltura dentro d'água, o ambiente delas, e nós não travarmos grandes diálogos enquanto estamos com a cabeça submersa na pscina. 
Além disso, na época de Haeckel, a classificação dos seres vivos ainda dependia quase que exclusivamente da observação. Quanto mais parecida era a anatomia de duas espécies, mais próximas evolutivamente elas eram consideradas. A ordem evolutiva das espécies foi estabelecida literalmente "no olho". É dessa época que vêm as primeiras classificações de gêneros, classes e reinos que aprendemos até hoje nas aulas de biologia.
Por tudo isso é que o DNA revolucionou as árvores da vida. Com o sequenciamento do genoma das espécies, passamos a ter uma base muito mais sólida para investigar as relação entre os seres vivos.
Primeira árvore da vida universal, baseada na pesquisa de Woese e FoxWikimedia Commons
Primeira árvore da vida universal, baseada na pesquisa de Woese e Fox
A primeira árvore universal
Foi nos anos 70 que foi desenhada a primeira árvore a apresentar o histórico evolutivo de todos os seres vivos. Os americanos Carl Woese e George E. Fox dividiram todas as formas de vida entre três grandes galhos partindo do tronco do primeiro antepassado comum: o domínio Bacteria, o Eukarya (em que estão incluídos os animais, as plantas e os fungos) e, por último, o domínio Archea, classificado pela primeira vez por Woese e Fox, composto por micróbios que vivem em ecossistemas extremos, muito quentes, ricos em ácido ou sem oxigênio.
Modelo colorido do Hillis plot
A mais bonita
A década passada viu nascer a mais bonita das árvores da vida. Conhecida como "Hillis plot", ela foi criada pelos pesquisadores David M. Hillis, Derrick Zwickl, and Robin Gutell, da Universidade do Texas. O desenho é resultado do estudo de amostras genéticas de 3 mil espécies - cerca de 0,18% do 1,7 milhão de espécies formalmente classificadas pela ciência. Desde que foi publicado, em 2003, o desenho já virou papel de parede, entalhe em tronco de árvore e até tatuagem.
Tatuagens circulares como o Hillis plot estão até na moda. Mas agora, com o  modelo atualizado, é que os fãs da ciência vão se destacar de verdade - pelo menos aqueles que tiverem coragem de tatuar esse novo catavento evolutivo.

Genética pode prever quando você vai perder a virgindade

Marcas no nosso DNA conseguem indicar quando vai ser sua primeira vez.

Genética pode prever quando você vai perder a virgindade

Marcas no nosso DNA conseguem indicar quando vai ser sua primeira vez
POR Felipe Germano ATUALIZADO EM 19/04/2016
VirgindadeiStock
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"Não apresse as coisas", ou "Ainda não rolou?" são frases comuns na vida de quem ainda é virgem. Geralmente elas são acompanhadas de alguém dando o velho conselho "Calma, a gnete nunca sabe a hora que essas coisas vão acontecer". Bom, eles que digam por si mesmos, porque seu DNA carrega fortes indícios de quando sua primeira vez vai acontecer. Isso é o que dizem autores de um estudo publicado na revista Nature. De acordo com eles, o prazo de validade da sua virgindade está nos seus genes.
Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores analisaram os genes de 125 mil pessoas - de ambos os sexos - nascidas na Inglaterra, 240 mil homens islandeses e 20 mil mulheres americanas. Com essa base de dados, chegaram à conclusão que 38 marcas genéticas estão relacionadas com a virgindade (ou a ausência dela). Isso ocorre porque essas marcas tendem a mostrar quando a pessoa irá entrar na puberdade, e consequentemente o início da vida sexual.
As marcações também apontam indícios comportamentais das pessoas estudadas. Cientistas perceberam que algumas dessas marcas estão ligadas à indivíduos que correm mais riscos. Na prática, isso acaba influenciando o início da vida sexual.
Claro que isso não determina exatamente quando você vai perder a virgindade. É só um indicativo de quando a natureza quer que isso role na sua vida. "Fomos capazes de calcular, pela primeira vez, que há um fator hereditário relacionado à primeira relação sexual" , afirmou ao The Guardian John Perry, especialista em reprodução da Universidade de Cambridge.
Os pesquisadores apontam que, no futuro, o estudo poderá ajudar a determinar qual a hora certa para as aulas de Educação Sexual.