Por Iana Chan
Janeiro é o mês de anotar na agenda os dias especiais indicados pelos nossos queridos
astrólogos
astrônomos. Para prever os espetáculos celestes que marcarão 2015, eles
não precisam consultar nenhuma bola de cristal, a única ferramenta
necessária é a matemática – e um bom processador. “Toda a área da
mecânica celeste, que envolve as interações gravitacionais entre os
corpos e seus movimentos, é baseada em leis físicas muito bem
conhecidas: a teoria da gravitação, formulada por Isaac Newton no século
17. Desse modo, é possível simular por computador os movimentos e as
interações gravitacionais entre todos os corpos do sistema solar, e
assim prever suas posições”, explica o professor Roberto Costa, chefe do
Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.
O veredicto sobre 2015? “Não é um ano especial, mas também não é tão
ruim assim. O principal evento é o eclipse lunar de setembro, já que o
próximo eclipse total da Lua visível em sua integridade do Brasil
ocorrerá somente em 21 de Janeiro de 2019”, comenta astrofísico da
UFSCar Gustavo Rojas. Além disso, teremos chuvas de meteoros, cometas,
belas conjunções planetárias, dois marcos na história da exploração
espacial e ainda curiosidades como a superlua e a Lua azul.
Vamos ao cardápio astronômico de 2015? Bom apetite!
1. ECLIPSES SOLARES
Foto tirada na Turquia do Eclipse Solar de 2006, o último visível no Brasil
Ocorrem quando quando Sol, Terra e Lua se alinham. Quando a Lua fica
entre os dois corpos, temos o eclipse solar. Vale lembrar que, como o
plano da órbita da Lua está inclinado 5,2° em relação ao plano da órbita
da Terra, os eclipses não ocorrem em toda Lua Nova, mas apenas naquelas
que passam pelo ponto de cruzamento entre as duas órbitas.
Nos eclipses solares, uma parte da superfície da Terra é encoberta
pela sombra projetada pela Lua e os observadores dessa área veem nosso
satélite bloqueando totalmente ou parcialmente a luz do Sol.
Para nossa
alegria tristeza, eclipses solares são
raramente vistos no Brasil. “Houve um visível no nordeste em 2006 e só
haverá outro em 2045”, aponta o professor do Departamento de astronomia
do IAG/USP Roberto Costa. Como a sombra da Lua projetada na Terra é
muito pequena, poucos lugares são cobertos. Em 2015, teremos dois
eclipses solares:
* 20 de março
De onde poderá ser visto:
O Eclipse será visível na região do círculo polar Ártico (polo Norte) e
em partes da Noruega e da Dinamarca de maneira total, isto é, quando
parece que a Lua encobre totalmente o Sol. De forma parcial, será
visível no norte da África e da Àsia, Europa (Atlântico Norte) e
Groenlândia
* 13 de setembro
De onde poderá ser visto:
Grande parte da região Antártica, sul do Oceano Índico e Atlântico Sul.
De forma parcial, poderá ser observado do sul do continente africano
(África do Sul, Moçambique e Zâmbia)
Saiba mais
2. ECLIPSES LUNARES
Quando é a Terra que fica entre o Sol e Lua, ocorrem os eclipses
lunares, em que a Terra projeta uma sombra na Lua. Novamente, como os
plano orbitais da Lua e da Terra estão inclinados entre si, os eclipses
não ocorrem em toda Lua Cheia, mas apenas naquelas que passam pelo ponto
de cruzamento entre as duas órbitas.
Nos eclipses lunares, a Terra projeta sua sombra na Lua, que pode
ficar com uma coloração avermelhada na área da umbra ou durante a
totalidade, quando a Lua está inteiramente imersa na sombra da Terra. O
fenômeno pode ser observado a olho nu, desde que seja noite durante o
eclipse, que dura pode durar até cerca de 4 horas, e a Lua esteja acima
do horizonte.
* 04 de abril
De onde poderá ser visto: do Leste da Ásia, Oceania e Oeste dos Estados Unidos. No Brasil será visível apenas no Acre e no Oeste do Amazonas.
* 27 de setembro
Este é o grande evento do ano para os brasileiros, pois será visível
de todo o país. Começa às 22:07, na fase parcial e no período de uma
hora, a sombra da Terra será projetada na Lua e a encobrirá totalmente
por volta das 23:11. Pelos próximos 72 minutos, a Lua ficará com uma
coloração avermelhada, por conta da refração e dispersão da luz do Sol
na atmosfera terrestre, que desvia apenas alguns comprimentos de onda – é
o mesmo fenômeno que acontece durante o nascer e o pôr do sol.
De onde poderá ser visto: em todo Brasil, América do Sul, Central e do Norte, África, Europa e Ásia.
Saiba mais nesta animação da NASA:
3. COMETAS
Mosaico do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, visitado pelo módulo
Philae em 2014. Cometa estará visível em 2015. Crédito:
ESA/Rosetta/NAVCAM – CC BY-SA IGO 3.0
Compostos basicamente por gases e poeira congelados, cometas são
pequenos corpos que giram ao redor do Sol. Eles se originaram a partir
de restos de planetas que não se formaram e suas órbitas podem variar de
poucos a milhares de anos. Quando se aproximam do astro rei, o gás e a
poeira do núcleo sólido evaporam, formando uma nuvem extensa, chamada
coma. O vento solar “varre” o material para a direção oposta, formando a
famosa cauda. Vale lembrar que nem todo cometa tem cauda visível e
alguns podem apresentar mais de uma.
Para que possamos ver um cometa a olho nu, é preciso levar em conta
algumas características do cometa, como tamanho, e sua distância em
relação ao Sol e à Terra. Os astrônomos classificam o brilho dos astros
com uma escala chamada magnitude. Curiosamente,
quanto maior o brilho, menor é o número da magnitude.
Eles estabeleceram que a estrela Vega tem magnitude 0 e comparam o
brilho a partir daí. Por exemplo, a magnitude aparente da Lua cheia é
-12,6, enquanto a magnitude da estrela Sirius, a mais brilhante do céu, é
-1,45. “Em locais longe da poluição luminosa, é possível detectar a
olho nu objeto mais brilhantes que a 6ª magnitude. Nos grandes centros, o
limite visual sem ajuda de instrumentos fica entre a 3ª e a 4ª
magnitude. Cometas com magnitudes a partir de 8 são mais difíceis para
um astrônomo novato, embora possíveis: é preciso de um instrumento como
binóculos ou pequenos telescópios”, explica Alex Amorim, da coordenação
de Observações do Núcleo de Estudo e Observação Astronômica José
Brazilício de Souza, em Santa Catarina.
A visualização de cometas também se torna mais complicada pois,
diferentemente de objetos pontuais, como planetas e estrelas, cometas
são objetos visualmente difusos, ou seja, não parecem pontos. “Recomendo
sempre iniciar essas buscas com binóculos 7×50 ou até mesmo 10×50, pois
é difícil identificar os cometas entre estrelas e nebulosas”, diz o
astrônomo amador Antonio Rosa Campos, responsável pela publicação anual
do Almanaque Astronômico Brasileiro do Centro de Estudos Astronômicos de
Minas Gerais (CEAMIG). Ele indica o uso de cartas celestes, encontradas
na internet em sites como o skymaps.com, ou de aplicativos como o
Skymap (para
Android e
iPhone) e o
Stellarium.
Com a ajuda de Antonio Rosa Campos e Alex Amorim, separamos alguns cometas com maior potencial de observação em 2015:
C/2014 Q2 (Lovejoy)
Quando: janeiro e fevereiro
Magnitude: 4
Como observar: No
começo do mês, o cometa C/2014 Q2 (Lovejoy) pode ser localizado na
constelação de Touro. Como se move cerca de 3 graus por dia, entre 17 e
24 de janeiro, o cometa já estará na constelação de Áries e atravessará a
constelação de Triângulo entre os dias 25 e 29. Visível ainda na
primeira fase da noite, o cometa Lovejoy estará na constelação de
Andrômeda entre 30 de janeiro e 12 de fevereiro. A presença da Lua Nova
entre os dias 24 de janeiro e 08 de fevereiro fará com que ele seja o
objeto celeste mais procurado no céu no mês de janeiro.
88P/Howell
Quando: fevereiro a junho
Magnitude: 8,7
Como observar: Ao
amanhecer, o cometa estará na constelação de Sagitário em fevereiro. Seu
máximo brilho deve ocorrer no periélio (ponto de máxima proximidade do
Sol), durante a primeira semana de abril de 2015. Ele provavelmente
estará com magnitude 8,7 e visível ao amanhecer deslocando-se da
constelação de Capricórnio para Aquário. O cometa encerra seu período de
visibilidade na primeira semana de junho de 2015 quando retorna à 10ª
magnitude e situado no limite das constelações de Peixes e Baleia.
C/2013 US10 (Catalina)
Quando: junho 2015 a janeiro 2016
Magnitude: 5.7
Como observar: Com um
período grande de visibilidade, o cometa chamará atenção dos
observadores do Hemisfério Sul a partir de 07 de junho, quando sua
magnitude estará ao alcance de instrumentos de pequeno porte (lunetas e
telescópios), podendo ser localizado na constelação do Escultor. A
partir de então, continuará se tornando mais brilhante e, em 07 de
julho, poderá ser observado na constelação da Fênix. Entre os dias 23 e
24, após breve incursão pela constelação de Grou, ele estará na
constelação de Tucano até o dia 03 de agosto. Sua magnitude então
estimada em 8.0 fará com que ele fique em evidência entre as
constelações de Índio, Pavão, Ave do Paraíso e Triângulo Austral com uma
magnitude de 7,0.
No mês de setembro, o cometa estará nas constelações de Compasso,
Lobo e Centauro e no mês de outubro encerra-se a fase de visibilidade
vespertina. Após seu periélio, já na segunda quinzena de novembro, ele
poderá ser localizado antes do nascer do Sol atravessando a constelação
de Virgem; suas magnitudes serão 4.7 em 26/11 e aumentando para 4.9 na
véspera do natal terminando o ano na constelação de Boieiro.
Não mais observável no hemisfério Sul, na segunda quinzena de
janeiro na constelação boreal da Ursa Maior, Ursa Menor e em fevereiro
na constelação de Girafa com seu respectivo brilho diminuindo
gradativamente chegando a 10ª magnitude em 19 de março de 2016.
C/2014 Q1 (PANSTARRS)
Quando: julho
Magnitude: 4
Como observar: Embora
este cometa inicie seu período propício às observações em maio, ele
encerrará seu período de visibilidade matutina no início de junho devido
ao seu alinhamento com o Sol. Mas ele reaparecerá no céu vespertino,
sendo observado de 15 a 18 de julho na constelação de Câncer e de 19
(dia de sua máxima aproximação da Terra) a 22 na constelação de Leão;
após este dia ele estará na constelação de Sextante.
67P/Churyumov-Gerasimenko
Quando: julho a setembro
Magnitude: 10
Como observar: O
cometa 67P, que ficou famoso em 2014 ao ser visitado pela sonda Rosetta
e receber o módulo Philae, estará visível em 2015! O melhor período de
visibilidade começa na última semana de julho. Ele estará na parte
oriental da constelação de Touro durante o amanhecer. Em setembro,
quando encerra sua aparição, se encontrará na parte ocidental da
constelação do Caranguejo.
141P/Machholz
Quando: agosto
Magnitude: 8.3
Como observar: A
melhor oportunidade de observação do cometa 141P/Machholz (um dos
cometas da família de Júpiter) deve ocorrer entre os dias 15 e 25 de
agosto, quando então poderá ser observado durante as madrugadas nas
constelações de Auriga entre os dias 15 a 18, e em Gêmeos entre 19 a 25
.
4. ASTEROIDES
Diferente dos cometas, que são geralmente formados por gases e gelo,
os asteroides são corpos de rocha que também orbitam o sol. São
semelhantes aos meteoroides (que se transformam em meteoros – veja o
próximo item!), porém bem maiores. Para observá-los é preciso do auxílio
de binóculos ou pequenos telescópios. “O aspecto visual de um asteroide
é similar ao de uma estrela, isto é, mesmo usando telescópios se
percebe apenas “um ponto luminoso””, explica o astrônomo amador
Alexandre Amorim.
Em 2015, dois objetos localizados no Cinturão de Asteroides, entre
Marte e Júpiter, serão passíveis de observação com auxílio de binóculos
7×50 ou 10×50 na data de sua oposição, isto é, quando o objeto está no
lado oposto ao do Sol. “É a melhor época para observação de objetos
celestes, porque normalmente durante a oposição eles são mais brilhantes
e também porque são visíveis a noite toda, independentemente do
horário”, diz Alexandre.
* 25 de julho: Oposição de Ceres
Magnitude: 7,5
Como observar: Ceres, na verdade, é um ex-asteroide: ele foi
reclassificado como planeta-anão em 2006, por ter massa suficiente para
ter uma gravidade que o fez assumir uma forma em equilíbrio hidrstático
(aproximadamente arredondada) e, diferentemente dos planetas, não
possuir uma órbita limpa – já que se situa no Cinturão de Asteroides.
Nessa data, ele estará no limite das constelações de Sagitário e
Miscroscópio, visível durante a noite toda.
* 29 de setembro: Oposição de Vesta
Magnitude: 6,5
Como observar: a partir da reclassificação de Ceres, Vesta
assumiu o posto de maior asteroide do Sistema Solar, com diâmetro médio
de 530 km. Nessa data, estará próximo à constelação de Baleia, cerca de
10 graus ao norte da estrela Deneb Kaitos (beta Ceti), visível durante a
noite toda.
*Esses dois corpos do Sistema Solar são o alvo da missão Dawn, da NASA (veja item 9. Exploração Espacial!)
5. CHUVAS DE METEOROS (“estrelas cadentes”)
Os meteoros são um fenômeno luminoso que acontece devido à entrada na
atmosfera terrestre de um pequeno fragmento de rocha (meteoroide),
geralmente deixados para trás por cometas. A diferença entre os
meteoroides e os asteroides é exatamente o tamanho: meteoroides são
pequeninos. Devido a alta velocidade, eles entram em combustão ao entrar
em contato com oxigênio, e produzem um rastro de luz que dura poucos
segundos no céu – é aqui que passam a ser chamados de meteoros. Já os
meteoritos nada mais são do que os meteoroides que não se desintegram
totalmente ao passar pela nossa atmosfera e caem na superfície da Terra.
Podemos ver meteoros a olho nu, com frequência, no céu noturno. Mas
quando a Terra passa por um local onde há acúmulo de meteoroides, eles
são atraídos pela gravidade e há uma incidência acima do normal, que
parece vir de um mesmo ponto do céu, o chamado radiante. A chuva, aliás,
é nomeada de acordo com a constelação na direção de onde os meteoros
parecem vir. A Taxa Horária Zenital (THZ) corresponde ao número de
meteoros que um observador poderá ver no período de uma hora, se o
radiante estiver situado no zênite (o ponto mais alto do céu). As
melhores observações acontecem na fase Nova da Lua, já que a ausência da
luz refletida pela Lua aumenta o contraste entre brilho desses eventos
e o céu noturno.
* 22 de abril: Lirídeos
Radiane: na direção da constelação de Lira.
THZ: 18 meteoros
* 6 de maio: eta-Aquarídeos, restos do Cometa 1P/Halley
Radiante: na direção da constelação de Aquário.
THZ: 55 meteoros
OBS:
visibilidade comprometida em virtude da Lua Cheia
* 30 de julho: delta-Aquarídeos do Sul
Radiante: na direção da constelação de Aquário.
THZ: 16 meteoros
OBS:
visibilidade comprometida em virtude da Lua Cheia
* 13 de agosto: Perseídeos, conhecidos popularmente como “lágrimas de São Lourenço”
Radiante: na direção da constelação de Perseu
THZ: 100 meteoros
* 10 de outubro: Taurídeos Austrais
Radiante: entre as constelações de Baleia e Áries
THZ: 5 (mas pode ter incremento na atividade)
* 21 de outubro: Orionídeos, também restos do Cometa 1P/Halley
Radiante: na direção da constelação de Órion.
THZ: 20 meteoros
* 12 de novembro: Taurídeos Boreais
Radiante: na direção das constelação de Touro
THZ: 5 (mas pode ter incremento na atividade)
* 18 de novembro: Leonídeos
Radiante: na direção da constelação de Leão.
THZ: 15 meteoros
* 14 de dezembro: Geminídeos
Radiante: na direção da constelação de Gêmeos.
THZ: 120 meteoros
*A Taxa Horária Zenital (THZ) corresponde ao número de meteoros que
um observador poderá ver no período de uma hora, se o radiante estiver
situado no zênite (o ponto mais alto do céu).
6. CONJUNÇÕES PLANETÁRIAS
Quando dois corpos ficam visualmente próximos um do outro no céu
chamamos de conjunção, evento muito apreciado por astrônomos amadores,
que adoram fotografá-lo. “Mas note que isso não significa que eles
estejam fisicamente próximos pois um pode estar bem mais distante que o
outro”, alerta o professor Roberto.
* 20 de fevereiro: Conjunção de Vênus, Marte e Lua
Essa conjunção será vista logo após o pôr do Sol, ao entardecer, a
Oeste. No dia seguinte, dia 21, também no começo da noite, os planetas
Vênus e Marte estarão mais próximos um do outro, a cerca de 0,5 graus, o
diâmetro aparente da Lua.
* 17 a 26 de outubro: Conjunção de Júpiter, Vênus e Marte
Durante a segunda quinzena de outubro estes três planetas estarão
aparentemente próximos um do outro antes do amanhecer. Na manhã do dia
17, Marte e Júpiter estarão separados por cerca de 0,5 graus. Na manhã
do dia 26 será a vez de Vênus e Júpiter estarem cerca de 1 grau de
separação enquanto Marte ainda se situará cerca de 3,6 graus do outro
par planetário.
Imagens obtidas no programa Stellarium, cedidas por Antonio Rosa Campos, do CEAMIG.
7. LUA AZUL
Não, infelizmente, a Lua não fica azul neste evento.
No mundo astronômico, o termo Lua azul é a ocorrência de duas Luas
cheias em um mesmo mês, um evento incomum (lembra a expressão em inglês
utilizada para denotar acontecimentos raros? “Once in a Blue Moon”!).
Como a Lua demora 29,5 dias para dar a volta em torno da Terra, ou seja,
não exatamente um mês, as fases da Lua não acontecem sempre no mesmo
dia, tornando possível a Lua azul. Ela acontece, em média, a cada dois
anos. Depois de 2015, teremos outra apenas em 31 de janeiro de 2018 –
nem tãaao raro assim, né?
* 31 de julho: Lua Azul
8. SUPERLUA
A órbita da Lua em torno da Terra não é perfeitamente circular, e sim
elíptica. Isso quer dizer que a distância entre nós muda ao longo do
tempo. O ponto em que a Lua está mais próxima de nós é chamado de
Perigeu, enquanto que o ponto mais distante recebe o nome de Apogeu. De
tempos em tempos, a Lua alcança o Perigeu perto da sua fase Cheia. É
quando temos a superlua. “A Lua pode ficar quase 50.000 quilômetros mais
próxima de nós do que no apogeu: seu diâmetro aparente fica até 14%
maior, mas não é possível perceber a olho nu essa diferença de tamanho,
especialmente porque não temos outra Lua no céu para comparar. Porém, é
possível notar que o luar fica mais intenso – a superlua pode ser até
30% mais brilhante”, explica o astrofísico da UFSCar Gustavo Rojas, que
apresenta a série
“Céu da Semana” da Univesp TV. Assim como a Lua azul, a superLua é tratada como uma curiosidade entre os astrônomos.
* 27 de setembro: SuperLua
Quando ver: Às 22:47, a Lua estará a 356.876 quilômetros de distância, o mais próximo possível.
9. EXPLORAÇÃO ESPACIAL
Se 2014 foi o ano do cometa, com o pouso histórico no cometa 67P,
2015 será o ano dos planetas-anões. Se tudo der certo, chegaremos a
destinos inéditos: Ceres e Plutão.
* Abril: Dawn chega a Ceres
Lançada em 2007, a missão americana visa descobrir as condições para
formação e evolução dos planetas. Ela visitará os dois maiores corpos do
Cinturão de Asteroides: Vesta e Ceres. Após orbitar o asteroide Vesta,
deve chegar a Ceres, o ex-asteroide com mais de 900 quilômetros de
diâmetro reclassificado como planeta-anão pela União Astrônomica
Internacional em 2006 – a mesma assembleia que reclassificou Plutão
também como planeta-anão. “Essa missão nos ajudará a entender a
composição destes corpos, que são muito parecidos com outros asteroides
do Cinturão Principal. Consequentemente, isso nos ajudará a entender
como o Sistema Solar se formou, já que as informações sobre a composição
química e geológica de Ceres e Vesta ajudarão a entender os fatores
presentes durante a formação do Sistema Solar, comenta Fellipy Silva,
doutorando do IAG/USP que integra a equipe de Atendimento ao Público do
instituto. (Para saber mais sobre as palestras e observações,
acesse o site do IAG/USP.)
* Julho: New Horizons chega a Plutão
Após percorrer 5 bilhões de quilômetros que separam a Terra de
Plutão, a sonda New Horizons, lançada em 2006, chegará ao antigo nono
planeta do Sistema Solar, que tem apenas 66% do diâmetro da Lua. Ela
também estudará os confins do Sistema Solar e os misteriosos objetos ali
existentes. “Vale lembrar que em agosto acontecerá nova Assembleia
Geral da União Astronômica Internacional, responsável pela
reclassificação de Plutão em 2006, é muito provável que eles discutam os
dados fornecidos pela New Horizons”, diz Fellipy. Se Plutão voltará a
ser considerado um planeta? “É difícil que ocorra uma mudança drástica,
a Resolução da IAU de 2006,
que definiu o que pode ser considerado um planeta, tem critérios fortes
e as últimas discussões levantadas para reclassificar Plutão usam
questões históricas e culturais, que não ajudam a entender a estrutura
do Sistema Solar e outros sistemas extrassolares”, responde Fellipy.
Céu limpo a todos!
Referências e agradecimentos:
Seção de Cometas da Rede de Astronomia Observacional (REA)
Núcleo de Estudo e Observação Astronômica “José Brazilício de Souza”, em Santa Catarina
Anuário Astronômico Catarinense
Almanaque astronômico 2015 do Ceamig
Blog Sky and Observers, com resumo dos principais eventos astronômicos mensais
Série “Céu da Semana” da Univesp TV em parceria com o Laboratório Aberto de Interatividade da UFSCar.