quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A água que está aqui é a mesma que estava ali? Ou: a água sempre foi a mesma e sempre existiu na mesma quantidade?

Sempre acreditei que a água é a mesma no planeta Terra, desde sempre, no mar, nos rios, cachoeiras, nascentes…Evapora e volta como chuva, rio corre pro mar, mas as nascentes continuam etc., etc.etc. Até que um motorista de táxi disse: “a senhora está enganada, a água consumida em cada construção, água misturada ao cimento que se torna massa, não volta para o planeta”. Me deu o que pensar e quero saber a verdade. Cada casa, prédio etc. consome a água e ela permanece na massa… É assim? Então o planeta já não tem o líquido de sempre?
Devo perguntar ao Oráculo? Mas creio que essa resposta, se isso é real, merece uma reportagem, explicação tim tim por tim tim.
Vou aguardar. Um abraço
Ah, sou viciada na Super.
Alzira
cacto
Olha, merecer uma reportagem, merece porque é um assunto fascinante mesmo, uma viagem das bem doidas. Mas já que você escreveu ao Todo Sabedor que Sabe Até O Que os Taxistas Teimam em Saber e não Parar de Falar, vamos à resposta. Em primeiro lugar, Alzira-zira, o piloto do tx estava errado. A quantidade de água que existe no planeta não diminuiu por conta da construção civil por uma questão simples: o cimento endurece à medida que água evapora e – tcharãã – volta à atmosfera.
A quantidade existente na Terra é a mesma desde os tempos mais primórdios (taí-taí). Plantas, animais e, inclusive, você têm água armazenada (cerca de 65% do corpo é H2O, diga-se de passagem). O fenômeno faz parte do ciclo hidrológico, movimento contínuo das águas presentes em oceanos, atmosferas e continentse, explicam os professores Paulo Roberto Moraes, do Departamento de Ciências do Ambiente da PUC-SP, e Luiz Sergio Philippi, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC.
Nesse ciclo, a água presente na Terra é sempre a mesma, mas capaz de estar presente em diferentes estados em momentos distintos. Assim, a água das calotas polares que derretem hoje, amanhã evapora para as nuvens, posteriormente vira chuva e volta para o solo, dando início ao seu percurso novamente. Seguindo o mesmo raciocínio, o copo d’água bebido por um indivíduo hoje de manhã evapora pela transpiração à tarde, vai virar chuva e matar a sede de uma plantação de soja daqui algum tempo, dentro de um sistema no qual toda a natureza está interligada.
Vale ressaltar que existem períodos de oscilação desse ciclo, no qual há momentos em que há mais evaporação, mais chuva ou retenção d’água por parte do solo ou das calotas polares. Hoje vivemos uma época em que os três estados estão equilibrados. Nada de Arca de Noé por enquanto.
Mas se a quantidade é sempre a mesma, por que tanta preocupação com a falta d’água no planeta?  “A quantidade de água é a mesma, a qualidade que é diferente. Hoje, estamos perdendo em qualidade”, afirma Philippi. E a poluição é uma das principais culpadas disso.

4 fatos que você deveria saber sobre a bissexualidade

Por Darllam Cruz
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Todos sabem que a bissexualidade é o B da sigla LGBT, mas das orientações sexuais minoritárias ela é a menos discutida e problematizada, o que dá a ideia de que a comunidade bissexual é escassa, desorganizada e virtualmente inexistente. Os preconceitos enfrentados pelos bissexuais vêm tanto da sociedade como da própria comunidade que os integra. Nos últimos tempos, instituições e grupos voltados à causa bissexual travam uma cruzada científica e social para provar que a bissexualidade é uma orientação tão comum e frequente quanto as outras e que deve ser vista como tal. Entenda como a invisibilidade imposta sobre o grupo influencia em sua realidade.

1. Apagamento bissexual e bifobia
Muita gente enxerga a bissexualidade como uma orientação conveniente e inventada, usada por homens em negação quanto a sua homossexualidade e por mulheres que só querem experimentar. Estudos levantados pelo American Institute of Bisexuality demonstram que pessoas que se identificam como heterossexuais têm mais atitudes negativas sobre bissexuais (especialmente homens bissexuais) do que têm quanto a gays e lésbicas. Ou seja, héteros têm mais preconceitos contra bis.
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Mas a crítica não vem só dos leigos. Em entrevista para o jornal The New York Times, um dos ativistas do AIB afirmou que, mesmo dentro da comunidade gay, os bissexuais são ignorados, incompreendidos ou alvo de piadas. Membros do AIB insistem que algumas das piores minimizações e discriminações vêm de dentro da comunidade gay, alimentada pelos estereótipos de que pessoas bissexuais estão mentindo para si mesmas e para os outros, estão confusas e não merecem confiança.
Além desses fatores, muitos outros contribuem para a invisibilidade das pessoas bi. O instituto de pesquisas Bisexual Resource Center, de Boston, enumera alguns deles: chamar bissexuais de “aliados”, excluindo-os de uma comunidade que deveria integrá-los; o uso de linguagem não-inclusiva, como casamento gay ou casal gay e casal lésbico, mesmo quando um bissexual compõe o casal; rotular erroneamente como gay, lésbicas ou heterossexuais pessoas que se declararam bi; ou determinar a sexualidade da pessoa considerando apenas o sexo do seu companheiro ou companheira.

2. Identidade X Comportamento
Além da invisibilidade e do preconceito, de acordo com a AIB, a maioria dos bissexuais não sai do armário por estarem em relacionamentos com alguém do sexo oposto e não são abertos sobre sua orientação. De acordo com o terapeuta sexual Joe Kort, autor de um livro sobre homens que se identificam como heterossexuais, são casados, mas também fazem sexo com homens, muitos não contam a ninguém sobre suas experiências bissexuais por medo de perder relacionamentos ou ter a “reputação manchada”. Consequentemente, formam um grupo invisível.
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Numa pesquisa realizada nos Estados Unidos em 2013, apenas 28% das pessoas que se identificavam como bissexuais falaram que eram abertas quanto à sua sexualidade. Devido a essa alta improbabilidade de sair do armário, a Comissão de Direitos Humanos de São Francisco chamou os bissexuais de “uma maioria invisível” que precisa de recursos e apoio. Ativistas bissexuais da AIB acreditam que muito do que as pessoas heterossexuais, lésbicas e gays acreditam sobre a bissexualidade está errado e é distorcido por um parâmetro que se auto-reforça: por causa da bifobia, muitos bissexuais não se assumem. Mas até mais gente bi ser aberta quanto à sua orientação, os estereótipos e a desinformação no coração da bifobia continuarão intactos.

3. Pesquisas científicas
O American Institute of Bisexuality foi fundado em 1998 por Fritz Klein, um psiquiatra bissexual abastado que acredita nos valores persuasivos de pesquisas acadêmicas e científicas. O instituto AIB se dedica a financiar estudos e a ter ideias de como aumentar a visibilidade bissexual em um mundo ainda não convencido da existência da bissexualidade. Nos últimos anos, a AIB apoiou o trabalho de mais de 40 pesquisadores. As pesquisas lançam um olhar para o comportamento bissexual e saúde mental, padrões de excitação sexual em homens bissexuais e juventude bissexual.
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Essas pesquisas foram uma resposta a pesquisas publicadas anteriormente por Michael Bailey, professor de psicologia que divulgou resultados que invalidavam a bissexualidade masculina. A AIB convidou o próprio Bailey para conduzir novos estudos e aplacar seu ceticismo. Os resultados surpreenderam o psicólogo: foi descoberto que homens bissexuais de fato demonstram “padrões bissexuais de excitação tanto subjetiva quanto genital”, contrariando os resultados anteriores. Ou seja, os padrões de excitação dos homens selecionados pela AIB para serem estudados batiam com a orientação que eles professavam e a instituição, criticada por trabalhar com Bailey, conseguiu provar cientificamente a existência da bissexualidade.

4. Riscos de saúde
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A marginalização e a discriminação que a comunidade bissexual sofre na sociedade reflete também na saúde dos seus membros. O apagamento bissexual leva muitas pessoas a evitarem exames ou a mentir sobre o histórico sexual. Ainda de acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa Bisexual Resource Center, de Boston, os bissexuais têm uma tendência a enfrentar maiores disparidades de saúde. Comparadas a heterossexuais, lésbicas e gays, pessoas bissexuais têm maiores taxas de ansiedade, depressão e outros distúrbios de comportamento, assim como é maior a incidência do uso de tabaco. São maiores também as chances de pessoas bissexuais contraírem infecções sexualmente transmissíveis e os riscos de doença cardíaca e câncer quando comparadas aos heterossexuais.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Você precisa de três meses para esquecer um amor

Você precisa de três meses para esquecer um amor

15 de janeiro de 2015
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Terminar um namoro é quase como encarar um luto. Separação, saudade, dor. Os dias se arrastam. E tudo indica que essa tristeza toda não vai passar jamais e que seu coração não voltará a ser o mesmo. Mas passa, caro leitor. Em até três meses, garante a ciência.
Foi o que aconteceu com 1,4 mil participantes de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Estado de Minnesota. Todos haviam terminado recentemente um namoro. Eles contaram quando haviam rompido com o parceiro, como se sentiam no presente momento e quais eram ossentimentos semanas e meses após o término.
Em média, 11 semanas depois de levar ou dar o pé na bunda, eles conseguiam ver a experiência com menos rancor. E já começavam a concordar mais com frases do tipo “eu aprendi muito sobre mim” ou “cresci bastante com o relacionamento” ou “agora sei melhor o que quero”.  Quem havia tomado a decisão do fim não fazia muita diferença: em três meses quase todo mundo estava recuperado.
Você concorda? Ou sua dor de amor costuma demorar bem mais que isso para passar?

Crédito da foto: flickr.com/carbonnyc/

CBD é liberado pela Anvisa e poderá ser produzido no Brasil

Por Camila Almeida
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O canabidiol (CBD), presente na maconha, saiu da lista de medicamentos proibidos e passou a figurar na lista de substâncias controladas no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu pela reclassificação da substância nesta quarta-feira (14), numa reunião da diretoria, por unanimidade. A medida permite que médicos possam prescrever a substância a seus pacientes, desburocratiza o processo de importação e a entrada do produto no País, facilita o acesso dos pesquisadores ao CBD e legaliza a produção e comercialização de medicamentos por laboratórios brasileiros ou estrangeiros.
Em dezembro, o Conselho Federal de Medicina já havia liberado, em caráter de exceção e apenas em último caso, que os médicos pudessem prescrever a substância, mesmo sendo proibida, a pacientes menores de 18 anos, portadores de epilepsia ou de convulsões resistentes às medicações disponíveis e em doses limitadas. Caso contrário, continuavam correndo riscos de ter o registro profissional cassado. Com a liberação da Anvisa, pacientes adultos, portadores de outras doenças, também podem ser beneficiados, e os médicos  deverão contar com mais liberdade na prescrição.
Outra vantagem é a possibilidade de, em breve, termos medicamentos sendo comercializados no Brasil, o que diminuiria consideravelmente o custo do CBD e o tempo que ele leva para chegar às famílias. Em nota, a Anvisa informou que um laboratório estrangeiro já fez a solicitação para vender o CBD aqui e a composição proposta está em fase de análise. O próximo passo é realizar vistoria na fábrica para verificar se a empresa se enquadra em todas as exigências. Atualmente, o laboratório americano que exporta ampolas para os brasileiros cobra US$ 450 para cada 10g do óleo da substância, fora as taxas da importação. Há 336 pacientes importando estas ampolas, mas elas são inacessíveis a famílias de baixa renda.
Apesar de se dizer que o CBD saiu da lista de substâncias proibidas, a verdade é que ele nunca esteve lá. Quem consta (e continua constando) na lista proscrita da Anvisa é a Cannabis sativa (nome científico da maconha). O tetrahidrocanabinol (THC) e suas variações, por terem efeito psicoativo, também continuam figurando entre os condenados, apesar dos seus efeitos medicinais igualmente comprovados em pesquisas.
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Em fevereiro do ano passado, uma edição especial da SUPER intitulada A Revolução da Maconha chegava às bancas. A história da família Fischer, que decidiu burlar a lei e importar o CBD para controlar as 80 convulsões semanais de Anny, garotinha de apenas 5 anos na época, evidenciava toda dificuldade (e ilegalidade) de se medicar no Brasil, também enfrentada por outros pacientes. Começava uma luta para que essas pessoas não precisassem ser consideradas traficantes nem correr riscos legais para conseguir se tratar.
Katiele, mãe de Anny, se tornou um personagem simbólico dessa batalha, pela coragem e pelo potencial de mobilização que conseguiu sua história conseguiu gerar. “Acredita que amanhã, dia 15 de janeiro, faz exatamente um ano que eu recebi a primeira ligação do Tarso [Araújo, jornalista que editou o especial da SUPER]? E eu estava tão feliz de que alguém, finalmente, estava me escutando, contando o que gente estava passando. E morrendo de medo que fosse um policial”, ri Katiele, por telefone, celebrando a decisão da Anvisa. “Nós estamos extremamente contentes com esse passo dado, que vai permitir que a gente possa discutir a maconha medicinal com mais consistência daqui pra frente”, comemora Norberto, pai de Anny.
Em fevereiro, um curta-metragem idealizado e desenvolvido por Tarso, Raphael Erichsen e Rodrigo Braga, alastrou a história pelo País e fez com que a maconha medicinal ganhasse destaque na imprensa. Em outubro, foi lançado o longa Ilegal nos cinemas, contando a história de várias mães e pacientes que precisavam da maconha medicinal para se medicar e da briga travada com a Anvisa. Foi a estreia da SUPER nos cinemas. E, junto com nosso nome na tela, estava o sentimento de estar participando e contribuindo para a construção de algo maior do que uma revista ou documentário. Sentimento que se confirmou hoje, na Anvisa.

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Os principais fenômenos astronômicos que você verá em 2015

Por Iana Chan
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Janeiro é o mês de anotar na agenda os dias especiais indicados pelos nossos queridos astrólogos astrônomos. Para prever os espetáculos celestes que marcarão 2015, eles não precisam consultar nenhuma bola de cristal, a única ferramenta necessária é a matemática – e um bom processador. “Toda a área da mecânica celeste, que envolve as interações gravitacionais entre os corpos e seus movimentos, é baseada em leis físicas muito bem conhecidas: a teoria da gravitação, formulada por Isaac Newton no século 17. Desse modo, é possível simular por computador os movimentos e as interações gravitacionais entre todos os corpos do sistema solar, e assim prever suas posições”, explica o professor Roberto Costa, chefe do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

O veredicto sobre 2015? “Não é um ano especial, mas também não é tão ruim assim. O principal evento é o eclipse lunar de setembro, já que o próximo eclipse total da Lua visível em sua integridade do Brasil ocorrerá somente em 21 de Janeiro de 2019”, comenta astrofísico da UFSCar Gustavo Rojas. Além disso, teremos chuvas de meteoros, cometas, belas conjunções planetárias, dois marcos na história da exploração espacial e ainda curiosidades como a superlua e a Lua azul.
Vamos ao cardápio astronômico de 2015? Bom apetite!

1. ECLIPSES SOLARES

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Foto tirada na Turquia do Eclipse Solar de 2006, o último visível no Brasil
Ocorrem quando quando Sol, Terra e Lua se alinham. Quando a Lua fica entre os dois corpos, temos o eclipse solar. Vale lembrar que, como o plano da órbita da Lua está inclinado 5,2° em relação ao plano da órbita da Terra, os eclipses não ocorrem em toda Lua Nova, mas apenas naquelas que passam pelo ponto de cruzamento entre as duas órbitas.
Nos eclipses solares, uma parte da superfície da Terra é encoberta pela sombra projetada pela Lua e os observadores dessa área veem nosso satélite bloqueando totalmente ou parcialmente a luz do Sol.

Para nossa alegria tristeza, eclipses solares são raramente vistos no Brasil. “Houve um visível no nordeste em 2006 e só haverá outro em 2045”, aponta o professor do Departamento de astronomia do IAG/USP Roberto Costa. Como a sombra da Lua projetada na Terra é muito pequena, poucos lugares são cobertos. Em 2015, teremos dois eclipses solares:

* 20 de março
De onde poderá ser visto: O Eclipse será visível na região do círculo polar Ártico (polo Norte) e em partes da Noruega e da Dinamarca de maneira total, isto é, quando parece que a Lua encobre totalmente o Sol. De forma parcial, será visível no norte da África e da Àsia, Europa (Atlântico Norte) e Groenlândia

* 13 de setembro
De onde poderá ser visto: Grande parte da região Antártica, sul do Oceano Índico e Atlântico Sul. De forma parcial, poderá ser observado do sul do continente africano (África do Sul, Moçambique e Zâmbia)

Saiba mais


2. ECLIPSES LUNARES


Quando é a Terra que fica entre o Sol e Lua, ocorrem os eclipses lunares, em que a Terra projeta uma sombra na Lua. Novamente, como os plano orbitais da Lua e da Terra estão inclinados entre si, os eclipses não ocorrem em toda Lua Cheia, mas apenas naquelas que passam pelo ponto de cruzamento entre as duas órbitas.
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Nos eclipses lunares, a Terra projeta sua sombra na Lua, que pode ficar com uma coloração avermelhada na área da umbra ou durante a totalidade, quando a Lua está inteiramente imersa na sombra da Terra. O fenômeno pode ser observado a olho nu, desde que seja noite durante o eclipse, que dura pode durar até cerca de 4 horas, e a Lua esteja acima do horizonte.

*
04 de abril
De onde poderá ser visto: do Leste da Ásia, Oceania e Oeste dos Estados Unidos. No Brasil será visível apenas no Acre e no Oeste do Amazonas.

* 27 de setembro
Este é o grande evento do ano para os brasileiros, pois será visível de todo o país. Começa às 22:07, na fase parcial e no período de uma hora, a sombra da Terra será projetada na Lua e a encobrirá totalmente por volta das 23:11. Pelos próximos 72 minutos, a Lua ficará com uma coloração avermelhada, por conta da refração e dispersão da luz do Sol na atmosfera terrestre, que desvia apenas alguns comprimentos de onda – é o mesmo fenômeno que acontece durante o nascer e o pôr do sol.
De onde poderá ser visto: em todo Brasil, América do Sul, Central e do Norte, África, Europa e Ásia.

Saiba mais nesta animação da NASA:


3. COMETAS
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Mosaico do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, visitado pelo módulo Philae em 2014. Cometa estará visível em 2015. Crédito: ESA/Rosetta/NAVCAM – CC BY-SA IGO 3.0
Compostos basicamente por gases e poeira congelados, cometas são pequenos corpos que giram ao redor do Sol. Eles se originaram a partir de restos de planetas que não se formaram e suas órbitas podem variar de poucos a milhares de anos. Quando se aproximam do astro rei, o gás e a poeira do núcleo sólido evaporam, formando uma nuvem extensa, chamada coma. O vento solar “varre” o material para a direção oposta, formando a famosa cauda. Vale lembrar que nem todo cometa tem cauda visível e alguns podem apresentar mais de uma.
Para que possamos ver um cometa a olho nu, é preciso levar em conta algumas características do cometa, como tamanho, e sua distância em relação ao Sol e à Terra. Os astrônomos classificam o brilho dos astros com uma escala chamada magnitude. Curiosamente, quanto maior o brilho, menor é o número da magnitude. Eles estabeleceram que a estrela Vega tem magnitude 0 e comparam o brilho a partir daí. Por exemplo, a magnitude aparente da Lua cheia é -12,6, enquanto a magnitude da estrela Sirius, a mais brilhante do céu, é -1,45. “Em locais longe da poluição luminosa, é possível detectar a olho nu objeto mais brilhantes que a 6ª magnitude. Nos grandes centros, o limite visual sem ajuda de instrumentos fica entre a 3ª e a 4ª magnitude. Cometas com magnitudes a partir de 8 são mais difíceis para um astrônomo novato, embora possíveis: é preciso de um instrumento como binóculos ou pequenos telescópios”, explica Alex Amorim, da coordenação de Observações do Núcleo de Estudo e Observação Astronômica José Brazilício de Souza, em Santa Catarina.
A visualização de cometas também se torna mais complicada pois, diferentemente de objetos pontuais, como planetas e estrelas, cometas são objetos visualmente difusos, ou seja, não parecem pontos. “Recomendo sempre iniciar essas buscas com binóculos 7×50 ou até mesmo 10×50, pois é difícil identificar os cometas entre estrelas e nebulosas”, diz o astrônomo amador Antonio Rosa Campos, responsável pela publicação anual do Almanaque Astronômico Brasileiro do Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (CEAMIG). Ele indica o uso de cartas celestes, encontradas na internet em sites como o skymaps.com, ou de aplicativos como o Skymap (para Android e iPhone) e o Stellarium.
Com a ajuda de Antonio Rosa Campos e Alex Amorim, separamos alguns cometas com maior potencial de observação em 2015:

C/2014 Q2 (Lovejoy)
Quando:
janeiro e fevereiro
Magnitude: 4
Como observar: No começo do mês, o cometa C/2014 Q2 (Lovejoy) pode ser localizado na constelação de Touro. Como se move cerca de 3 graus por dia, entre 17 e 24 de janeiro, o cometa já estará na constelação de Áries e atravessará a constelação de Triângulo entre os dias 25 e 29. Visível ainda na primeira fase da noite, o cometa Lovejoy estará na constelação de Andrômeda entre 30 de janeiro e 12 de fevereiro. A presença da Lua Nova entre os dias 24 de janeiro e 08 de fevereiro fará com que ele seja o objeto celeste mais procurado no céu no mês de janeiro.

88P/Howell
Quando:
fevereiro a junho
Magnitude: 8,7
Como observar:  Ao amanhecer, o cometa estará na constelação de Sagitário em fevereiro. Seu máximo brilho deve ocorrer no periélio (ponto de máxima proximidade do Sol), durante a primeira semana de abril de 2015. Ele provavelmente estará com magnitude 8,7 e visível ao amanhecer deslocando-se da constelação de Capricórnio para Aquário. O cometa encerra seu período de visibilidade na primeira semana de junho de 2015 quando retorna à 10ª magnitude e situado no limite das constelações de Peixes e Baleia.

C/2013 US10 (Catalina)
Quando:
junho 2015 a janeiro 2016
Magnitude: 5.7
Como observar: Com um período grande de visibilidade, o cometa chamará atenção dos observadores do Hemisfério Sul a partir de 07 de junho, quando sua magnitude estará ao alcance de instrumentos de pequeno porte (lunetas e telescópios), podendo ser localizado na constelação do Escultor. A partir de então, continuará se tornando mais brilhante e, em 07 de julho, poderá ser observado na constelação da Fênix. Entre os dias 23 e 24, após breve incursão pela constelação de Grou, ele estará na constelação de Tucano até o dia 03 de agosto. Sua magnitude então estimada em 8.0 fará com que ele fique em evidência entre as constelações de Índio, Pavão, Ave do Paraíso e Triângulo Austral com uma magnitude de 7,0.
No mês de setembro, o cometa estará nas constelações de Compasso, Lobo e Centauro e no mês de outubro encerra-se a fase de visibilidade vespertina. Após seu periélio, já na segunda quinzena de novembro, ele poderá ser localizado antes do nascer do Sol atravessando a constelação de Virgem; suas magnitudes serão 4.7 em 26/11 e aumentando para 4.9 na véspera do natal terminando o ano na constelação de Boieiro.
Não mais observável no hemisfério Sul,  na segunda quinzena de janeiro na constelação boreal da Ursa Maior, Ursa Menor e em fevereiro na constelação de Girafa com seu respectivo brilho diminuindo gradativamente chegando a 10ª magnitude em 19 de março de 2016.

C/2014 Q1 (PANSTARRS)
Quando:
julho
Magnitude: 4
Como observar: Embora este cometa inicie seu período propício às observações em maio, ele encerrará seu período de visibilidade matutina no início de junho devido ao seu alinhamento com o Sol. Mas ele reaparecerá no céu vespertino, sendo observado de 15 a 18 de julho na constelação de Câncer e de 19 (dia de sua máxima aproximação da Terra) a 22 na constelação de Leão; após este dia ele estará na constelação de Sextante.

67P/Churyumov-Gerasimenko
Quando:
julho a setembro
Magnitude: 10
Como observar: O cometa 67P, que ficou famoso em 2014 ao ser visitado pela sonda Rosetta e receber o módulo Philae, estará visível em 2015! O melhor período de visibilidade começa na última semana de julho. Ele estará na parte oriental da constelação de Touro durante o amanhecer. Em setembro, quando encerra sua aparição, se encontrará na parte ocidental da constelação do Caranguejo.

141P/Machholz
Quando:
agosto
Magnitude: 8.3
Como observar: A melhor oportunidade de observação do cometa 141P/Machholz (um dos cometas da família de Júpiter) deve ocorrer entre os dias 15 e 25 de agosto, quando então poderá ser observado durante as madrugadas nas constelações de Auriga entre os dias 15 a 18, e em Gêmeos  entre 19 a 25 .

4. ASTEROIDES
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Diferente dos cometas, que são geralmente formados por gases e gelo, os asteroides são corpos de rocha que também orbitam o sol. São semelhantes aos meteoroides (que se transformam em meteoros – veja o próximo item!), porém bem maiores. Para observá-los é preciso do auxílio de binóculos ou pequenos telescópios. “O aspecto visual de um asteroide é similar ao de uma estrela, isto é, mesmo usando telescópios se percebe apenas “um ponto luminoso””, explica o astrônomo amador Alexandre Amorim.
Em 2015, dois objetos localizados no Cinturão de Asteroides, entre Marte e Júpiter, serão passíveis de observação com auxílio de binóculos 7×50 ou 10×50 na data de sua oposição, isto é, quando o objeto está no lado oposto ao do Sol. “É a melhor época para observação de objetos celestes, porque normalmente durante a oposição eles são mais brilhantes e também porque são visíveis a noite toda, independentemente do horário”, diz Alexandre.

* 25 de julho:
Oposição de Ceres
Magnitude: 7,5
Como observar: Ceres, na verdade, é um ex-asteroide: ele foi reclassificado como planeta-anão em 2006, por ter massa suficiente para ter uma gravidade que o fez assumir uma forma em equilíbrio hidrstático (aproximadamente arredondada) e, diferentemente dos planetas, não possuir uma órbita limpa – já que se situa no Cinturão de Asteroides. Nessa data, ele estará no limite das constelações de Sagitário e Miscroscópio, visível durante a noite toda.

* 29 de setembro: Oposição de Vesta
Magnitude: 6,5
Como observar: a partir da reclassificação de Ceres, Vesta assumiu o posto de maior asteroide do Sistema Solar, com diâmetro médio de 530 km. Nessa data, estará próximo à constelação de Baleia, cerca de 10 graus ao norte da estrela Deneb Kaitos (beta Ceti), visível durante a noite toda.

*Esses dois corpos do Sistema Solar são o alvo da missão Dawn, da NASA (veja item 9. Exploração Espacial!)


5. CHUVAS DE METEOROS (“estrelas cadentes”)
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Os meteoros são um fenômeno luminoso que acontece devido à entrada na atmosfera terrestre de um pequeno fragmento de rocha (meteoroide), geralmente deixados para trás por cometas. A diferença entre os meteoroides e os asteroides é exatamente o tamanho: meteoroides são pequeninos. Devido a alta velocidade, eles entram em combustão ao entrar em contato com oxigênio, e produzem um rastro de luz que dura poucos segundos no céu – é aqui que passam a ser chamados de meteoros. Já os meteoritos nada mais são do que os meteoroides que não se desintegram totalmente ao passar pela nossa atmosfera e caem na superfície da Terra.
Podemos ver meteoros a olho nu, com frequência, no céu noturno. Mas quando a Terra passa por um local onde há acúmulo de meteoroides, eles são atraídos pela gravidade e há uma incidência acima do normal, que parece vir de um mesmo ponto do céu, o chamado radiante. A chuva, aliás, é nomeada de acordo com a constelação na direção de onde os meteoros parecem vir. A Taxa Horária Zenital (THZ) corresponde ao número de meteoros que um observador poderá ver no período de uma hora, se o radiante estiver situado no zênite (o ponto mais alto do céu). As melhores observações acontecem na fase Nova da Lua, já que a ausência da luz refletida  pela Lua aumenta o contraste entre brilho desses eventos e o céu noturno.

* 22 de abril: Lirídeos
Radiane: na direção da constelação de Lira.
THZ: 18 meteoros

* 6 de maio: eta-Aquarídeos, restos do Cometa 1P/Halley
Radiante: na direção da constelação de Aquário.
THZ: 55 meteoros
OBS: visibilidade comprometida em virtude da Lua Cheia

* 30 de julho: delta-Aquarídeos do Sul
Radiante: na direção da constelação de Aquário.
THZ: 16 meteoros
OBS: visibilidade comprometida em virtude da Lua Cheia

* 13 de agosto: Perseídeos, conhecidos popularmente como “lágrimas de São Lourenço”
Radiante: na direção da constelação de Perseu
THZ: 100 meteoros

* 10 de outubro: Taurídeos Austrais
Radiante: entre as constelações de Baleia e Áries
THZ: 5 (mas pode ter incremento na atividade)

* 21 de outubro: Orionídeos, também restos do Cometa 1P/Halley
Radiante: na direção da constelação de Órion.
THZ: 20 meteoros

* 12 de novembro: Taurídeos Boreais
Radiante: na direção das constelação de Touro
THZ: 5 (mas pode ter incremento na atividade)

* 18 de novembro: Leonídeos
Radiante: na direção da constelação de Leão.
THZ: 15 meteoros

* 14 de dezembro: Geminídeos
Radiante: na direção da constelação de Gêmeos.
THZ: 120 meteoros

*A Taxa Horária Zenital (THZ) corresponde ao número de meteoros que um observador poderá ver no período de uma hora, se o radiante estiver situado no zênite (o ponto mais alto do céu).


6. CONJUNÇÕES PLANETÁRIAS

Quando dois corpos ficam visualmente próximos um do outro no céu chamamos de conjunção, evento muito apreciado por astrônomos amadores, que adoram fotografá-lo. “Mas note que isso não significa que eles estejam fisicamente próximos pois um pode estar bem mais distante que o outro”, alerta o professor Roberto.

* 20 de fevereiro: Conjunção de Vênus, Marte e Lua
Essa conjunção será vista logo após o pôr do Sol, ao entardecer, a Oeste. No dia seguinte, dia 21, também no começo da noite, os planetas Vênus e Marte estarão mais próximos um do outro, a cerca de 0,5 graus, o diâmetro aparente da Lua.
I - Vu00EAnus - Marte e Lua em 20 Fev 2015

* 17 a 26 de outubro: Conjunção de Júpiter, Vênus e Marte
Durante a segunda quinzena de outubro estes três planetas estarão aparentemente próximos um do outro antes do amanhecer. Na manhã do dia 17, Marte e Júpiter estarão separados por cerca de 0,5 graus. Na manhã do dia 26 será a vez de Vênus e Júpiter estarem cerca de 1 grau de separação enquanto Marte ainda se situará cerca de 3,6 graus do outro par planetário.
I - Vu00EAnus - Ju00FApiter e Marte em 26 Out 2015
Imagens obtidas no programa Stellarium, cedidas por Antonio Rosa Campos, do CEAMIG.

7. LUA AZUL

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Não, infelizmente, a Lua não fica azul neste evento.
No mundo astronômico, o termo Lua azul é a ocorrência de duas Luas cheias em um mesmo mês, um evento incomum (lembra a expressão em inglês utilizada para denotar acontecimentos raros? “Once in a Blue Moon”!). Como a Lua demora 29,5 dias para dar a volta em torno da Terra, ou seja, não exatamente um mês, as fases da Lua não acontecem sempre no mesmo dia, tornando possível a Lua azul. Ela acontece, em média, a cada dois anos. Depois de 2015, teremos outra apenas em 31 de janeiro de 2018 – nem tãaao raro assim, né?

* 31 de julho: Lua Azul

8. SUPERLUA
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A órbita da Lua em torno da Terra não é perfeitamente circular, e sim elíptica. Isso quer dizer que a distância entre nós muda ao longo do tempo. O ponto em que a Lua está mais próxima de nós é chamado de Perigeu, enquanto que o ponto mais distante recebe o nome de Apogeu. De tempos em tempos, a Lua alcança o Perigeu perto da sua fase Cheia. É quando temos a superlua. “A Lua pode ficar quase 50.000 quilômetros mais próxima de nós do que no apogeu: seu diâmetro aparente fica até 14% maior, mas não é possível perceber a olho nu essa diferença de tamanho, especialmente porque não temos outra Lua no céu para comparar. Porém, é possível notar que o luar fica mais intenso – a superlua pode ser até 30% mais brilhante”, explica o astrofísico da UFSCar Gustavo Rojas, que apresenta a série “Céu da Semana” da Univesp TV. Assim como a Lua azul, a superLua é tratada como uma curiosidade entre os astrônomos.

* 27 de setembro: SuperLua
Quando ver: Às 22:47, a Lua estará a 356.876 quilômetros de distância, o mais próximo possível.

9. EXPLORAÇÃO ESPACIAL

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Se 2014 foi o ano do cometa, com o pouso histórico no cometa 67P, 2015 será o ano dos planetas-anões. Se tudo der certo, chegaremos a destinos inéditos: Ceres e Plutão.

* Abril: Dawn chega a Ceres
Lançada em 2007, a missão americana visa descobrir as condições para formação e evolução dos planetas. Ela visitará os dois maiores corpos do Cinturão de Asteroides: Vesta e Ceres. Após orbitar o asteroide Vesta, deve chegar a Ceres, o ex-asteroide com mais de 900 quilômetros de diâmetro reclassificado como planeta-anão pela União Astrônomica Internacional em 2006 – a mesma assembleia que reclassificou Plutão também como planeta-anão. “Essa missão nos ajudará a entender a composição destes corpos, que são muito parecidos com outros asteroides do Cinturão Principal. Consequentemente, isso nos ajudará a entender como o Sistema Solar se formou, já que as informações sobre a composição química e geológica de Ceres e Vesta ajudarão a entender os fatores presentes durante a formação do Sistema Solar, comenta Fellipy Silva, doutorando do IAG/USP que integra a equipe de Atendimento ao Público do instituto. (Para saber mais sobre as palestras e observações, acesse o site do IAG/USP.)

* Julho: New Horizons chega a Plutão
Após percorrer 5 bilhões de quilômetros que separam a Terra de Plutão, a sonda New Horizons, lançada em 2006, chegará ao antigo nono planeta do Sistema Solar, que tem apenas 66% do diâmetro da Lua. Ela também estudará os confins do Sistema Solar e os misteriosos objetos ali existentes. “Vale lembrar que em agosto acontecerá nova Assembleia Geral da União Astronômica Internacional, responsável pela reclassificação de Plutão em 2006, é muito provável que eles discutam os dados fornecidos pela New Horizons”, diz Fellipy. Se Plutão voltará a ser considerado um planeta? “É difícil que ocorra uma mudança drástica, a Resolução da IAU de 2006, que definiu o que pode ser considerado um planeta, tem critérios fortes e as últimas discussões levantadas para reclassificar Plutão usam questões históricas e culturais, que não ajudam a entender a estrutura do Sistema Solar e outros sistemas extrassolares”, responde Fellipy.

Céu limpo a todos! :)

Referências e agradecimentos:
Seção de Cometas da Rede de Astronomia Observacional (REA)
Núcleo de Estudo e Observação Astronômica “José Brazilício de Souza”, em Santa Catarina
Anuário Astronômico Catarinense

Almanaque astronômico 2015 do Ceamig
Blog Sky and Observers, com resumo dos principais eventos astronômicos mensais
Série “Céu da Semana” da Univesp TV em parceria com o Laboratório Aberto de Interatividade da UFSCar.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Verdades inconvenientes sobre astrologia

Verdades inconvenientes sobre astrologia

A ciência prova: não há relação entre o passeio dos astros e a sua vida. Então por que a crença no zodíaco só cresce? Por que tanta gente ainda consulta o horóscopo? A verdade é que a astrologia funciona, sim. Mas não como você imagina

por Karin Hueck

Os fãs estavam inconsoláveis. Quando Susan Miller, a astróloga mais popular do mundo, contraiu uma infecção intestinal no final de abril, milhões de seguidores ao redor do planeta ficaram sem futuro. Susan atrasou as previsões para maio e gerou comoção internacional. "Melhoras, Susan Miller!", desejavam os leitores americanos nas redes sociais. Veículos brasileiros cobriram a doença da astróloga como se fosse uma celebridade local, enquanto ela tuitava boletins de hora em hora sobre seu estado de saúde: "Preciso dormir. Estou trabalhando na previsão para Aquário, amanhã terminarei Peixes. Estou muito cansada para continuar, me sinto muito fraca. Eu não vou desistir".

Mesmo se você não acredita em horóscopo já deve ter ouvido falar em Susan Miller. Ela não é qualquer uma: seus horóscopos gratuitos atraem 6,5 milhões de visitas ao mês, aparecem em dezenas de publicações e permitiram que ela escrevesse nove livros sobre o assunto. Se você curte astrologia, provavelmente é fã - suas leituras são famosas por serem precisas, a ponto de indicarem datas propícias para comprar eletrônicos ou cortar o cabelo. Ela é tão eficiente que, já em janeiro deste ano, havia alertado para o mês catastrófico que abril seria, com um eclipse lunar monstruoso em 15/4. Não deu outra: numa profecia autorrealizável, Susan Miller quase morreu com o que ela mesma previu.

A astrologia é imensamente popular. No Ocidente, estima-se que uma em cada quatro pessoas acreditem no poder dos astros. De acordo com uma pesquisa da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, em 2012 metade dos americanos afirmou que astrologia tinha base científica, o número mais alto desde 1983. Isso pode explicar o sucesso de figuras como Susan Miller nos últimos anos, e o aumento na procura por mapas astrais e consultas a astrólogos. A crença de que o movimento dos corpos celestes não apenas influencia as nossas vidas, como pode prever nosso futuro, vai bem, obrigada.

O sucesso da astrologia não é de ontem. Nem de anteontem. Ele tem raízes profundas nas origens do conhecimento humano.

A culpa é das estrelas

Roma, meia-noite de 17 para 18 de setembro do ano 96 d.C. O imperador Domiciano se virava na cama coberto de suor, ansioso demais para dormir. De acordo com uma previsão astrológica feita quando ele ainda era garoto, a hora do seu fim estava próxima: às cinco da manhã ele estaria morto, vítima de uma facada fatal. Domiciano levantou e tentou manter a calma. Lembrou-se da vez em que tentou provar que astrologia era bobagem, quando chamou à sua corte o astrólogo Ascletário e ordenou: "Adivinhe a causa de sua própria morte". Ascletário consultou os planetas e concluiu que acabaria comido por cachorros. Para contradizer a previsão e mostrar que estava no controle, Domiciano o matou ali mesmo e mandou seu corpo para a pira funerária. O que o imperador não esperava é que cachorros acabariam atraídos pelo cheiro de carne queimada e devorariam os restos mortais de Ascletário - como ele previra. Daí a insônia de Domiciano.

Quando o sol raiou, perguntou o horário. Seis horas. Respirou aliviado: tinha sobrevivido à profecia! Animado, recebeu um amigo que trazia uma mensagem. Enquando lia o recado, Domiciano foi esfaqueado pelo amigo e morreu. Eram cinco da manhã. Um conspirador havia mentido sobre as horas.

Claro que nem todas as previsões astrológicas da história são tão precisas quanto essa. O causo da morte de Domiciano pode ter sido embelezado ao longo dos séculos para ficar mais redondinho. Mas o que dá para apreender daí é a importância que os astros tinham na vida das pessoas nos milênios passados. A astrologia que usamos hoje em dia teve origem na Mesopotâmia, atual Iraque, e depois foi adaptada pela Grécia Antiga e utilizada por toda a Europa. Setecentos anos antes de Cristo, os babilônios já haviam analisado os movimentos dos corpos celestes para determinar quais constelações faziam parte do zodíaco (o arco que o Sol faz no céu ao longo de um ano), quais pontos brilhantes eram as estrelas fixas e os planetas móveis, quais planetas surgiam a cada mudança de estação do ano, e por aí vai. Dessa forma, já haviam também preparado o terreno para o que usaríamos até hoje.

Astrologia vem do grego: "astro" = estrelas e "logos" = palavra. Ou seja, é a mensagem que as estrelas passam para nós. Durante muito tempo, astrologia e astronomia (a "lei das estrelas") eram conceitos intercambiáveis - quem estudava um também manjava do outro. Johannes Kepler, descobridor das leis que regem a mecânica dos planetas, um feito astronômico, ganhava a vida fazendo mapa astral no século 16. Desde o final do século 17, no entanto, os dois ramos do conhecimento caminham separados. Hoje, a astronomia é a ciência que estuda o Universo com base em regras matemáticas - e não aceita a ideia de que os planetas possam ter qualquer relação com nossa vida.

Sim, porque a lógica da astrologia todo mundo conhece: de acordo com ela, a posição dos corpos celestes na hora do nascimento influencia as pessoas aqui na Terra e, de quebra, ainda pode servir para prever o futuro. "O mapa astral de uma pessoa é a roupa de mergulho que ela recebe para mergulhar na vida", define o psicólogo e historiador Jeffrey Armstrong, guru astrológico de empresas do Vale do Silício. "Ele descreve com que embalagem - quais são as fraquezas e quais são os pontos fortes - alguém vai atravessar sua trajetória."

É bom entender que os babilônios não tiraram essa noção do nada: segundo o que podiam observar, os planetas - que, para eles, incluía o Sol e a Lua - realmente tinham ligação com a nossa vida. A posição do Sol, por exemplo, de fato influencia o dia a dia dos seres humanos. Se ele está distante, é inverno, o clima esfria e coisas básicas como um banho de piscina ou uma boa colheita ficam impossibilitadas. Se o Sol estiver perto, o clima esquenta. O mesmo vale para a Lua, que controla o movimento das marés. Para um babilônio, nada indicava que outros corpos celestes não pudessem ter a mesma influência física sobre nós. Ou seja, a ideia original da astrologia fazia sentido para o conhecimento disponível na época.

Também fazia sentido tentar desvendar o futuro. Em um mundo incerto e amedrontador como o dos primórdios da civilização, qualquer forma de descobrir o que estava por vir podia significar a diferença entre a vida e a morte. A astrologia ajudava as pessoas a tomarem decisões, como quando partir para uma viagem, semear a colheita ou entrar em guerra. Isso era feito a partir do reconhecimento de padrões. Marte surgiu no horizonte no dia em que uma grande enchente aconteceu? Um sinal. A Lua estava minguante quando a batalha foi vencida? Um padrão. Ao longo de centenas de anos de observação, as coisas do céu foram ganhando sentido terreno. Para os babilônios e outros povos que procuraram respostas no alto, era como se os planetas estivessem enviando sinais. Daí o nome: signos.

Curiosamente, analisar as estrelas não era a única ciência usada para prever o futuro. O historiador Peter Maxwell Stuart, da Universidade de St. Andrews, na Escócia, descreve em seu livro Astrology (sem edição brasileira) que os babilônios também acreditavam que recém-nascidos trouxessem recados sobre o futuro. Se uma mulher desse à luz um anão, a casa da família seria destruída; se parisse uma criança cega, aumentavam as chances de alterações climáticas. Especialistas analisavam as entranhas de animais sacrificados para tentar relacioná-las ao futuro: se o fígado do animal tivesse protuberâncias, era um presságio de anarquia no reinado. Ou seja, escapamos por pouco de ficar revirando miúdos de galinha para fazer previsões.

O interessante é entender como os babilônios traçaram as regras gerais para a sua - e a nossa - astrologia. Primeiro, pegaram um conhecimento histórico antiquíssimo, provavelmente ainda da Idade do Bronze (cerca de 3000 a.C.), que era a divisão do céu em grupos de estrelas - as constelações. Vale lembrar que as constelações não fazem sentido físico - as estrelas podem estar próximas vistas aqui da Terra, mas situarem-se a milhares de anos-luz umas das outras. O que os antigos fizeram foi ligar os pontos desses conjuntos imaginários em formatos que se parecem levemente com alguma coisa aqui da Terra - um leão, uma cobra, uma balança etc. É como enxergar figuras em nuvens.

Em seguida, os babilônios analisaram o caminho do Sol no céu, e observaram que ao longo de um ano ele passava por aproximadamente 12 constelações (eram 13, na verdade, mas arredondaram para a conta ficar mais fácil). Assim, dividiram o céu em 12 faixas de 30 graus, para fechar os 360 graus de um círculo. Cada uma dessas faixas é o que chamamos de signo. Como era de se esperar, o Sol não passa exatamente um mês em cada constelação: fica 45 dias em Virgem, por exemplo, e só sete dias em Escorpião - deram uma arredondada aqui também.

Ou seja, a astrologia analisa a passagem do Sol, da Lua e dos planetas em frente a constelações aleatórias, formadas por estrelas aleatórias, divididas aleatoriamente em 12 faixas de aleatórios 30 dias de duração cada, a partir de um ponto de vista aleatório no espaço: o nosso minúsculo planetinha Terra. (Entenda mais no quadro da página 34). Na prática, é como se formigas tentassem prever se vão ser esmagadas a partir do padrão das ranhuras na sola dos nossos sapatos, a única coisa que elas conseguem enxergar.Levando em conta essa aleatoriedade toda, dá para entender por que a ciência moderna tem tantas críticas em relacão à astrologia - o que não quer dizer que ela não sirva para nada. Mas vamos por partes.

Inferno astral

Desde os anos 50, cientistas tentam provar a eficiência das leituras astrológicas - e os resultados não foram muito animadores. O mais famoso dos estudos, publicado na revista Nature ainda nos anos 80, pedia que pessoas tentassem reconhecer seu mapa astral a partir de três opções disponíveis. A performance foi abaixo da esperada: só um terço das pessoas acertou qual era o seu - exatamente o mesmo resultado que um sorteio daria. Fatores como propensão a suicídio, inteligência, taxa de divórcio, extroversão e sucesso também foram analisados em dezenas de estudos, mas a conclusão é sempre a mesma: não há correlação nenhuma entre a propensão a uma coisa e os dados astrológicos.

Pensando nisso, o holandês Rob Nannninga resolveu dar uma chance aos próprios astrólogos de desenvolver um teste à prova de falhas. O desafio era acertar a profissão de sete voluntários, baseado em seus dados astrais (data, local e hora de nascimento) e um questionário - que os próprios astrólogos puderam desenvolver. Para ficar mais fácil, as sete profissões também foram disponibilizadas de maneira que o trabalho era apenas atribuir a carreira certa a cada voluntário. Cinquenta astrólogos ajudaram a desenvolver o questionário, que acabou ficando com 25 perguntas pessoais e 24 perguntas de personalidade. A pedido dos astrólogos, datas importantes dos voluntários (casamento, divórcio, nascimento dos filhos etc.) também ficaram à disposição. Com todas essas informações em mãos, os 50 especialistas - alguns dos mais experientes da Holanda - tiveram dez semanas para chegar às suas correlações. Os resultados foram frustrantes. Nenhum astrólogo conseguiu relacionar mais de três pessoas a suas profissões, e metade não acertou nem umazinha. Mais do que isso: apenas dois astrólogos concordaram entre si - o resto escolheu combinações completamente diferentes umas das outras, indicando que nem os próprios especialistas concordavam na interpretação dos astros. De novo, o resultado final não foi diferente do que se as relações tivessem sido sorteadas no bingo.

Hoje, se você perguntar a qualquer cientista, ele vai ser enfático em descreditar a astrologia sem nem se preocupar em ser delicado. "É claro que ela não funciona. Ela é um retrocesso à Idade Média. Você gostaria de se tratar com a medicina ou a odontologia de 500 anos atrás? É óbvio que não", diz Michael Shermer, fundador da Skeptics Society (Sociedade dos Céticos) e "inimigo" do obscurantismo.

Para a ciência, o problema está na própria premissa da atividade: a de que haveria influência dos planetas sobre os seres humanos. De fato, todos os corpos no Universo exercem algum tipo de gravidade sobre outros. O problema é que os planetas estão imensamente distantes de nós, longe demais para que possa haver alguma influência. Do ponto de vista das forças gravitacionais, a passagem do Sol pela constelacão de Aquário na hora do nascimento, por exemplo, é absolutamente irrelevante. Ou, como disse o biólogo e escritor Richard Dawkins em um artigo: "Um planeta está tão distante de nós que sua atração gravitacional sobre um recém-nascido seria anulada perto da atração gravitacional causada pelo tapa do médico".
Outro problema básico para testar os mapas astrais está nos fundos falsos que a astrologia oferece. Ela é flexível demais para ser testada em laboratório. Se alguém nascido em Escorpião não se identificar com a descrição do seu signo, por exemplo, astrológos dirão que é por causa do ascendente. E, se não for o ascendente, será a Lua. Se não, o planeta na sétima casa, ou o retorno de Saturno, ou a fase da vida, ou qualquer coisa que o valha. Com tantas possibilidades de interpretação, é quase impossível provar que a astrologia está errada - pelo menos uma das opções vai estar certa. O mesmo problema surge nas formulações que ela oferece. Peguemos Susan Miller para Gêmeos no mês de junho: "luas novas abrem portas, e oportunidades surgirão para você" ou "a lua nova na primeira casa é um sinal de que você deveria estar pensando nas suas próprias necessidades" ou "você vai ter de trabalhar duro para entender uma nova tarefa que vai ser atribuída a você". Com previsões tão abertas, fica difícil não se identificar com elas. O astrônomo Stephen Hawking, no livro O Universo na Casca de Noz, descreveu o problema: "Astrólogos sabiamente fazem previsões tão vagas que podem ser aplicadas para qualquer acontecimento". Ou seja, não servem nem para serem provadas falsas.

Há problemas também na forma como as pessoas se relacionam com a astrologia. O primeiro perigo é levá-la a sério demais, deixando que leituras astrológicas determinem suas escolhas ou os futuros pretendentes amorosos - "Eu jamais namoraria um aquariano", por exemplo. O segundo está na maneira como a astrologia encaixa as pessoas em algumas formas muito específicas. "Você só pode ser escorpião/aquário/leão, sendo desse jeito" ou "isso é tão touro/peixes/virgem" são frases que todo mundo já ouviu em relação a seu signo. O perigo aqui está em classificar as pessoas em fórmulas prontas antes mesmo de conhecê-las, numa espécie de preconceito astrológico. Se a humanidade está há décadas lutando contra o racismo e o machismo, por que deveríamos incentivar uma atividade que tenta categorizar as pessoas de acordo com seu horário e local de nascimento?

Por que você acredita


Então por que tanta gente continua acreditando na astrologia se ela não tem nenhuma base científica? Primeiro, é importante traçar o perfil das pessoas que buscam a astrologia. Ao contrário do que cientistas podem fazer parecer, não se trata de pessoas desinformadas que vivem na Era das Trevas. Segundo o psicólogo australiano Harvey Irwin, seguidores de astrologia são tão inteligentes, críticos e ajustados quanto o resto da população. Se há alguma diferença entre os dois grupos, ela fica na criatividade - maior entre quem acredita na influência dos astros do que nos outros. "A literatura indica que a crença na paranormalidade tem relação com personalidades criativas", escreve Irwin.

A pergunta a ser feita então é outra: como é possível que tanta gente saia satisfeita das leituras de seus mapas astrais, se a ciência já provou que eles não têm nenhuma relação com a verdade? Não é muita coincidência que capricornianos se considerem centrados e racionais justamente como o signo deles diz que eles devem ser? Boa parte disso tem a ver com o próprio cérebro humano.

Quem explica é o cético Michael Shermer. Para ele, a astrologia acerta nas previsões por causa de dois mecanismos psicológicos que todos nós temos: o viés de confirmação e o viés de retrospectiva. O primeiro descreve a nossa tendência a preferir informações que combinem com aquilo que já sabemos ou acreditamos. Isso explica, por exemplo, a grande identificação que sentimos quando lemos as características dos nossos signos. Como canceriana, lembro sempre da minha descrição como pessoa "sensível e artística", mas ignoro que também deveria ser "possessiva e chorona". Ou seja, reforço apenas as qualidades que quero que sejam verdadeiras. Já o viés de retrospectiva explica por que nos lembramos com mais facilidade dos acertos do que dos erros. Se Susan Miller disser que você fará uma viagem nas próximas semanas e isso de fato acontecer, você vai se lembrar de que ela acertou. E provavelmente vai esquecer que ela também havia previsto um aumento de salário, uma mudança de casa e uma briga com familiares. "Pessoas encaixam suas vidas nas previsões astrológicas, e não o contrário. Elas fazem as leituras vagas confirmarem os acontecimentos depois que eles ocorreram", diz Shermer. O mesmo acontece em qualquer outro aspecto da vida. Você provavelmente se lembra muito mais dos palpites certeiros que deu no bolão da Copa do que da maioria dos erros que passaram batidos.

Graças a esses dois mecanismos cerebrais, pessoas têm a impressão que a astrologia acerta na mosca. De acordo com o que elas conseguem se lembrar, as descrições astrológicas estavam realmente certas. Isso leva a situações curiosas, como mostrou nos anos 60 o francês Michel Gauquelin. Para provar que o ser humano adora ler descrições de sua personalidade, enviou a 500 pessoas a interpretação de um mapa astral que supostamente as descrevia. O texto tinha frases como "você é caloroso", "organizado" e "totalmente dedicado aos outros". Resultado: 94% dos participantes disseram se identificar com elas. O que eles não sabiam é que todas haviam recebido o mesmo texto, baseado no mapa astral de um serial killer com 27 mortes no currículo.

Mas o principal motivo pelo qual a astrologia satisfaz seus seguidores é outro. Quem consulta um astrólogo geralmente está com alguma inquietação e gostaria de saber o que os planetas têm a dizer sobre isso. As incertezas costumam ser de cunho existencial: grandes decisões, tristezas, desilusões amorosas. Nessa hora, alguns céticos concluem que é melhor consultar os astros e tomar uma decisão do que não acreditar e continuar incapaz de decidir.

O astrólogo então reserva uma hora do seu tempo para entender o que está acontecendo, faz perguntas pessoais, entende o perfil psicológico do cliente. Só depois ele passa a ajudar a pessoa a lidar com os seus problemas. Todos os astrólogos consultados para esta reportagem conversaram longamente comigo e se preocuparam em saber quem eu era para tentar me ajudar. Posso confirmar que apresentaram habilidades interpessoais acima da média. Para eles, os muitos fundos falsos da astrologia - a leitura do signo, do ascendente, da Lua, os planeta espalhados pelas casas - são úteis. Servem como ferramentas para traçar o perfil psicológico das pessoas porque abarcam as mil facetas do ser humano. Todo mundo é um pouco sensível, um pouco racional, um pouco impulsivo, um pouco teimoso - e, para a astrologia, isso pode se manifestar no signo, no ascendente, na Lua. As milhares de possibilidades de interpretação ajudam o astrólogo a ajudar quem o procura. Assim, as leituras de mapas astrais são muito mais parecidas com sessões de terapia do que com consultas médicas. De fato, há diversos psicólogos que se utilizam dos preceitos astrológicos para desenvolver as suas sessões, como um ticket de entrada para a mente do paciente.

Eis aí outro mérito da astrologia: ela pode servir como uma ferramenta para o autoconhecimento - mesmo que os astros não signifiquem nada.


Mas que funciona, funciona

Quando foi a última vez que você parou para pensar na vida e ver se as escolhas que tomou ainda faziam sentido? A não ser que você faça terapia, esses momentos de investigação interna são raros. Nesse sentido, a astrologia vira um tipo de conforto emocional que ainda fornece pitacos para inspirar uma autoavaliação da vida. "A astrologia é uma ferramenta para a gente se compreender melhor. O objetivo é ampliar a consciência da pessoa para que ela avalie o que quer fazer", diz o astrólogo Pedro Carvalho dos Santos, que há 12 anos orienta questões profissionais e de relacionamentos. Isso, é claro, não deve ser entendido como uma fórmula mágica. "A astrologia não prescinde do livre-arbítrio. Não pode ficar parado esperando acontecer o que os astros indicaram", diz Santos. Assim, a prática pode servir como um chacoalhão para botar a vida nos eixos. E ainda se vale da lógica da fé - funciona porque seus defensores acreditam nela. Com uma grande vantagem sobre as religiões: sem templos ou dogmas, a astrologia é maleável para qualquer pessoa se utilizar dela e moldá-la conforme seu gosto pessoal.

Na verdade, muitos astrólogos modernos não estão preocupados em perder tempo tentando adaptar seu conhecimento ao método científico. Para eles, a relação entre sua atividade e as provas da ciência é muito menos importante do que os resultados pessoais que uma consulta astrológica pode trazer. De acordo com uma pesquisa feita pelo cientista social alemão Edgar Wunder com 135 astrólogos célebres, apenas 18% deles disseram acreditar na influência dos astros para seu trabalho. A maioria apontou outros fatores, como analogias ou mecanismos psicológicos, para o sucesso de suas leituras.
São raros os astrólogos que defendem as fórmulas fáceis dos horóscopos diários. Para os estudiosos sérios, só o contato pessoal e uma conversa detalhada sobre o mapa astral podem ajudar a pessoa. O sujeito se sentiu acolhido e satisfeito com o que ouviu? Sentiu que a sessão ajudou? O objetivo foi cumprido - e pouco importa o que a ciência tem a dizer sobre isso. Fica claro também que a astrologia serve para alguma coisa - ajudar as pessoas a viverem suas vidas. O que não é pouca coisa.

10 objetos que mudaram o mundo

Por Raquel Sodré

Todos os dias, a gente acorda, olha as horas no nosso relógio, toma banho no chuveiro de água quente, olha o trânsito no aplicativo do celular, vai trabalhar ouvindo música. Chegando no escritório,  acende a luz, liga o ar condicionado (sempre frio demais), o computador, olha os e-mails, telefona pra clientes e fornecedores.
Tudo isso nós geralmente fazemos sem parar nem um segundo pra pensar no quanto a nossa vida é moldada por certos objetos. Relógio, chuveiro elétrico, smartphone, rádio, lâmpada, ar condicionado, computador, telefone e milhares de outros aparelhos e apetrechos – creia! – nem sempre fizeram parte da rotina das pessoas. Alguns deles, aliás, mudaram o mundo. É deles que vamos falar agora. Veja uma lista com os objetos que promoveram as maiores revoluções de suas épocas.
10) Fósforos
Matches
Imagem: Wikimedia Commons / StoadBringer
O fogo foi uma das grandes descobertas da humanidade. Mas os palitos de fósforo – ou palitos de fogo portátil – também representaram um divisor de águas na história do mundo. A facilidade de ter fogo para afugentar animais, aquecer-se e cozinhar alimentos a qualquer momento e em qualquer lugar (seco), porém, só aconteceu em 1910. Antes disso, um maço de palitos continha fósforo suficiente para matar uma pessoa.
9) Bicicleta
Ordinary_bicycle02
Imagem: Wikimedia Commons / Nova
Super na moda hoje em dia e encarada como o meio de transporte do futuro, a bicicleta foi um instrumento de libertação feminina. Inventada em 1885, as magrelas deram às mulheres da época uma mobilidade que elas nunca haviam imaginado. “Eu olho e aprecio toda vez vejo uma mulher passar por mim em uma bicicleta”, afirmou a ativista feminista Susan B. Anthony, que lutou pelo direito feminino ao voto, em uma entrevista a New York World em 1896. Além desse quê revolucionário, as bikes também foram o estopim para a pavimentação das ruas e foram precursoras de tecnologias que, posteriormente, foram utilizadas nos automóveis.
8) Despertador
Favre-Leuba_alarm_clock
Imagem: Wikimedia Commons / Favre-Leuba
Quantos de nós não perderiam cronicamente a hora para o trabalho ou para a escola/faculdade? Eu certamente seria uma dessas. Apesar de a invenção já ter séculos, foi só em 1876 que se construiu um modelo que cabia em cima de um criado mudo. O aparelho teve um papel fundamental – e óbvio – na Revolução Industrial.
7) Telefone
Telephone
Imagem: Wikimedia Commons / James Petts
Antes da internet (lembra?), era via telefone que as pessoas se comunicavam com os parentes e os amigos que moravam longe. A tecnologia teve um papel importante na Primeira Guerra, e depois, no surgimento do primeiro tipo de internet, a discada (aposto que você ouviu o barulhinho da conexão na cabeça).
6) Ar condicionado portátil
airconditioning
Imagem: Creative Commons / William Sherman
Estamos em dezembro no Brasil. No Rio de Janeiro, a sensação térmica atingiu os 48º na semana passada. Precisa dizer por que o ar condicionado doméstico é um dos 10 objetos que mudaram o mundo? A maravilha foi lançada no verão de 1939 na Feira Mundial de Nova Iorque. Em 1953, os estadunidenses compraram mais de 1 milhão de aparelhos. Nos últimos cinco anos, os fabricantes já expediram mais de 41 milhões para todo o mundo. No Brasil, o setor vem apresentando crescimento nos últimos sete anos, pelo menos – com ou sem crise, com ou sem inflação controlada. A expectativa para o setor este ano era de crescer 10%. Se depender de mim, eles conseguem: cansei de dormir mal por causa do calor.
5) Computador pessoal
personal computer apple
Imagem: Creative Commons / Sam Howzit
Hoje, quando quase todo mundo tem um computadorzinho dentro do bolso, fica até difícil pensar no desktop como algo revolucionário. Tente pensar em um mundo em que tudo era feito na máquina de escrever e todos os arquivos eram de papel (PÂNICO!!!). Mas aí, em 1977, a Apple lançou seu primeiro modelo de computador pessoal, seguido em 1981 pela IBM. Hoje, nos EUA, 80% das residências possuem um desktop ou notebook. No Brasil, a edição mais recente do estudo anual “Medindo a Sociedade da Informação”, publicada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) em outubro de 2013 com informações referentes a 2012, revelou que 50% das residências do país já têm acesso a computador.
4) Agulha hipodérmica
Hypodermic syringe
Imagem: Wikimedia Commons / Wellcome
Sabe aquela desagradável cacete picada de agulha? Salva vidas. A agulha furada, que permite injetar líquidos por baixo da pele ou dentro do músculo (ai!) foi inventada em 1844, mas seu potencial só foi plenamente utilizado um século depois, quando as vacinas injetáveis começaram a ser usadas e salvaram milhões de pessoas da poliomielite, tuberculose, raiva e várias outras doenças.
3) Televisão
TV Set
Imagem: Creative Commons / tomislav medak
As origens do aparelho datam do final do século XIX, mas o boom da TV só aconteceu na década de 1950. Em 1949, nos Estados Unidos, havia menos de 1 milhão de aparelhos de TV no país. Quatro anos depois, esse número pulou para – pasme! – 25 milhões. Por cerca de 50 anos, a televisão foi a principal fonte de informação da maioria esmagadora dos brasileiros. E até hoje, em locais mais afastados como as casas de ribeirinhos no Amazonas e no Pará, os únicos utensílios da casa são uma mesa, quatro cadeiras de plástico e um aparelho de TV.
2) Rádio
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Imagem: Wikimedia Commons / FlickreviwR
Nas grandes cidades, é cada vez mais raro encontrar gente que ainda ouve rádio (daqui a pouco vira hipster). Mas, no início do século passado, o aparelho era o principal veículo de informação e fonte de diversão das pessoas. Em 1938, ele foi o pivô de um episódio histórico: a “invasão da Terra” por marcianos. Em 30 de outubro daquele ano, Orson Welles resolveu pregar uma peça em todo mundo nos EUA e narrou uma obra literária em tons de matérias jornalísticas. O resultado foi uma onda de histeria, gente abandonando as casas e querendo fugir do país. #pã
1) Smartphone
smartphone_Highways Agency
Imagem: Creative Commons / Highways Agency 
O que dizer desse aparelhinho que conheço pouco mas já considero pacas? É isto mesmo: faz pouco tempo que os smartphones entraram no dia a dia das pessoas. Mas tenho certeza: você não consegue mais viver sem ele. Filho dos aparelhos celulares e surgido nos anos 2000, os smartphones passaram a substituir muitas tarefas do computador, além de ter possibilitado que até pessoas sem acesso à energia elétrica se conectassem com o mundo.